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NO DIA DA MULHER, QUERIDAS PROFESSORAS
NO DIA DA MULHER, QUERIDAS PROFESSORAS

Do Grupo de Professores e Funcionários Aposentados de Telêmaco Borbak, Edina Beltrão, Maria Izilda, Dora Bahena e Jussara Mothes

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2023-03-08 às 06:57:24) O Dia Internacional da Mulher, ao Oberekando, tem marco especial, devido a entrevista concedida pelas professoras Edina Beltrão da Cunha Tomás de Lima, Maria Izilda Marquês, Dora Bahena Benck, e Jussara Ribas Mothes, que compõe o Grupo de Professores e Funcionários Aposentados de Telêmaco Borba. Primeiramente, claro, este Site, quer expressar congratulações à elas, e em seguida, a todas as Mulheres, pela data de hoje, mas, relembrada pela força e garra, destas, todos os dias!

Claro, o tema norteou Dia 08 de Março, mas, a trajetória, desafios, alegrias, e os momentos inesquecíveis das docentes, foi explorado, no bate-papo! Em geral, perguntas foram lançadas a cada uma, e aqui serão expostas, respectivamente. Em outros momentos, em um mesmo parágrafo, a resposta de todas.

“Até chegar a uma estabilidade na área do Magistério, o professor faz uma longa caminhada por vários colégios. É importante registrar isso, que a nossa história como professores, é uma história por diversos ambientes escolares”, acentuou a professora Beltrão.

Já, Bahena citou, que elas em grupo, costumam dizer: “Aposentadas sim, inativas, não!”

 

QUERIDAS PELA COMUNIDADE, EIS MAIORES DETALHES, QUANTO A ELAS:

EDINA: 62 anos, nascida em São Paulo. Professora de História e Geografia, trabalhou no Colégio Presidente Vargas, no Positivo e Fateb, Núcleo Regional de Educação e diversas outras escolas.

MARIA IZILDA: 73 anos, nascida em Jaguariaíva, dentre outros, lecionou no Colégio Presidente Vargas, e Wolff Klabin.

DORA: 64 anos, nasceu na Lagoa, em Telêmaco. A professora completou dia 25 passado, seu aniversário. Ela lecionou Matemática, no Colégio Presidente Vargas, e ficou na ativa, por 35 anos.

JUSSARA: Que seria primeiramente chamada de Damaris, e tem 63 anos, e é tataraneta de Telêmaco Borba. O nome do pai dela era Telêmaco Borba. Professora de Língua Portuguesa, trabalhou no Colégio Wollf Klabin, e tinha um padrão neste, e um no Cebeja, quando se aposentou. Ela também teve mais 19 anos de serviços prestados, no Núcleo Regional de Educação.

 

O SER MULHER E A MENSAGEM QUANTO A ESTE DIA

EDINA: “Falar a respeito do ‘ser mulher’ hoje, é uma tarefa bastante complexa, porque envolve uma superação de preconceito, valores, e principalmente, do papel feminino ao longo da história, que sempre foi colocado a mulher, em segundo plano”. O dia em referência, é um recadinho às mulheres brasileiras e de todo o mundo, de que elas precisam ser mais valorizadas, e jamais escravizadas, ou levadas a segundo plano. Também disse, além de citar as disparidades, que em países mais avançados, elas têm uma infinidade de Leis avançadíssimas, e em outros, Leis que as deixam escravizadas: “A mulher é o portal para que o ser-humano chegue no planeta terra”.

IZILDA: “A mulher hoje em dia, acho que está sendo até, mais valorizada, no ponto de vista de alguns. Até nós tínhamos preparado um trabalho bem grande que iríamos apresentar, na semana em que começou a pandemia, que seria na Câmara, sobre a violência contra a mulher”. Destacou que as mulheres estão em todos os campos de trabalho, e merecem que todo valor seja a elas dados, e muitas vezes, elas desempenham o papel de pai e mãe!

DORA: “Para complementar vocês, queremos dizer que somos mulheres, e queremos respeito, e queremos valorização!”.

JUSSARA: “Minhas colegas tão bem se posicionaram aqui, e deixaram a gente sem palavras, senão, apenas de que é um leque muito grande, falar de mulher. A gente sendo mulher, a gente sabe... a gente sente na pele”, dizendo que neste mundo, ninguém veio à ele, se não fosse por uma mulher. Serem reconhecidas como lutadoras, guerreiras e fortes, é o desejo dela, pela diferença que fazem para as pessoas ao seu redor.

 

O FATO DE MUITOS MENINOS SEREM EDUCADOS EM SALA DE AULA, COLOCA EM XEQUE, SUA SEXUALIDADE?

JUSSARA: “A gente como professora teve que conviver com muitas coisas, com muitas diferenças, não só nesta questão de homossexualidade (DECLAROU-SE AQUI, TODOS OS RESPEITOS A OPÇÃO SEXUAL ESCOLHIDA POR CADA UM E TODOS), mas em outros aspectos. Quando nas questões de diversidades, a exemplo de deficiências, e fui professora de 1ª à 4ª séries e alfabetizadora” e com todas as classes sociais, e vários tipos de alunatos, e hoje em dia, foram criados vários rótulos, e não se sabiam (em tempos passados), inclusive, a evidência de algumas síndromes. Também alunos, que por diversas formas de criação, eram mais educados, e hoje é uma forma diferente.

DORA: Ao pedido do entrevistador, que os alunos nunca deixem de ser educados e delicados com suas professoras, segue ela: “É, porque isso se chama educação! É o respeito ao próximo, ao colega, à professora, e a gente pode afirmar também que isso vem de casa. O objetivo do professor em sala de aula, é ensinar... e ensinar em todos os aspectos, mas a força maior pra isso, vem de casa”.

IZILDA: “Assim como citou Jussara, eu quando comecei a trabalhar, tinha um aluno especial, mas naquele tempo, a gente não entendia. A gente via que o aluno era mais lento no aprendizado, e só depois que eu fiz um curso dentro da Educação Especial, é que a gente vai perceber a diferença! Hoje não, porque quase todos os professores têm curso sobre isso, e estão muito mais atualizados. E a gente nunca deve discriminar um aluno, e todos eles a gente deve tratar do mesmo modo com que os outros. Se tem alguma diferença, vamos ver o que fazer, não é?”.

EDINA: “Minhas colegas pontuaram muito bem a questão do relacionamento, principalmente a relação com o diferente! E aqui cabe a seguinte reflexão... o diferente nos assusta, o diferente nos provoca, e daí, qual a nossa atitude? A nossa atitude é a de respeito! Se eu não concordo, se eu desconheço, se para mim aquilo é algo inteiramente novo, primeiro eu tenho que respeitar, depois buscar o conhecimento, depois se fazer presente, com acolhimento, para que a pessoa se sinta acolhida como ser-humano, e não importa como esse ser-humano se apresente. Se seja homossexual, ou bissexual! Não importa... o que importa, é o respeito!”. Disse que o respeito passa pela Educação, que você recebe em casa e aprimora na escola, e deve ser aprimorada o tempo todo. “Portanto, trabalhar com o diferente, é trabalhar com o respeito! E sobretudo hoje, para trabalhar com o diverso, e com N diversidade que temos, é fundamental o respeito!”.

 

QUAL FOI O ALUNO OU A ALUNA QUE LHE FEZ GARGALHAR MUITO, EM SALA DE AULA?

EDINA: Cada uma citou um fato, e ela rememorou, não algo engraçado, mas lá atrás, no que correspondia a quinta série, a um menino que não havia feito a tarefa. Ao perguntar a razão da falha com tal atividade, ele respondeu que faltou amor! “E eu fui pra casa pensando, o que significava amor para ele, o que significava amor para mim, enquanto educadora! E ficou a incógnita, mas ficou a responsabilidade, de que a partir daquele dia, eu tinha que respeitar muito meu aluno, porque podia ser que ele estivesse com falta de carinho, com fome, ou simplesmente não tivesse nenhuma infraestrutura para fazer a tarefa”.

IZILDA: Disse ela, de suas situações. Uma do aluno, chamado Jean Carlos, que chegava na segunda, e perguntava à professora se ela tinha assistido ao Fantástico. A partir dali, ela ficava atenta aos noticiários ainda mais, para que se discutissem temas afins! “Eu sempre deixava um espaço para se comunicar com eles, para dar um tempinho, não é?”. Outra, a aluna Marli: “Eu estava dando aula de Sociologia, e ela foi e contou uma piada, e era de igreja... Menino do céu... à turma toda dava risada e não parava mais!”. O aluno, formou-se em Engenharia e convidou para a formatura, a professora, e a Marli, ... Marli Vaz, é uma pessoa de sempre contato, e querida também! A foto, se permitem a este jornalista, é de sua época, de ensino noturno, quando fora aluno da professora Izilda, na Presidente Vargas (Ainda Escola)

DORA: “As passagens da gente foram muitas, porque a trajetória da gente foi enorme, no Magistério... e falar de um, é pouco. Uma dessas, uma aluna, que a situação financeira era precária, e ao passar visto no caderno, na tarefa”, viu que ela estava sem o caderno, “e cadê a tarefa? ‘eu não fiz!’. E porque não fez? ‘Porque meu pai pitou (*usou para fazer cigarro de papel, ou um palheiro), minha tarefa’” Naquela situação, “Não sabia se eu ria, ou o que eu falava!”. A professora disse que iria providenciar um outro caderno e ai ela faria a tarefa. Na secretaria, eis que a aluna teve todo o material necessário, porque, assim como este que aqui escreve - em sua época de infância e adolescência-, ela foi beneficiada, e tinha, de forma gratuita, o material básico, que sempre vinha com a estampa da Fundepar, e com venda proibida! Ao final, até imaginou que achou que aquele material do governo deveria ser gostoso, para se fazer palheiro – termo na verdade para cigarros preparados com palha, mas usado também ao papel -, porque outras vezes, ela percebia algumas falhas, na sequência das folhas.

JUSSARA: Ela disse que não se tratou de um caso engraçado, apesar de tantos, mas sim, de um ex-aluno, que era muito aplicado, e para sua idade e série, lá pela sexta, estava acima da média. Tempos depois, ela estando no NRE, fora visitar uma Instituição e lá, a encontrando, ele perguntou se ela iria novamente lhe dar aulas. Ao responder que não, e estava em outro compromisso lá... lhe remeteu a reflexão: “É como os leprosos, aonde só um voltou para agradecer! Aquilo me chocou, e de uma forma positiva, e ao mesmo tempo, eu senti um valor que até então eu não tinha sentido, porque ninguém tinha voltado e dito ‘você é uma boa professora... eu aprendi muito com você!” O aluno chama-se Anatoli e suas irmãs são Maria Antónia e Ludmila.

 

ALGUMA VEZ, TIVERAM QUE TIRAR DE SEU BOLSO, PARA SER POSSÍVEL ALGO A ALUNOS?

Na resposta coletiva, ecoou unânime um “sim” e não uma ou duas, mas, várias vezes, conforme a professora Edina, “que a gente pode contribuir, ou para o complemento da merenda ou para um lanche especial para as crianças e isso a gente via que fazia muito a diferença”, em geral, no dia das crianças ou do estudante, e era comumente, o cachorro quente, “e você via o sorriso, o brilho nos olhos”. De Ezilda, passagens tais quais, mas a de formatura, e de Ensino Médio, aonde mais crescidinhos, os alunos gostam de ir com uma roupa melhor: “E eu queria tão bem esse aluno! Sabe quando você entra numa sala de aula e ele te ajuda?”. Na época, ele tinha perdido um irmão! “Fui, comprei a roupa de formatura desse aluno, e até pouco tempo, a gente tinha contato”. Dora se remeteu, além destes fatos, a um amigo secreto em ocasião da Páscoa. “Veio um menino e falou baixinho em meu ouvido ‘professora, eu não vou participar, porque eu não posso comprar! Ai eu falei que ele não se preocupasse, porque quando eu fosse comprar o meu, eu compraria o dele...e te dou escondido, para ninguém saber”. A felicidade dele, poder participar, “e a alegria dele, de poder dar, e depois, receber!”. Disse a professora Dora: Só a pouco tempo fiquei sabendo... ele tinha sopro no coração! Fiquei sabendo que ele tinha falecido!”. Jussara corroborou com as amigas, que foram sim, muitos momentos que se colocou a mão no bolso, se fez vaquinhas. Lembrou ela, da sua irmã, já falecida, e que trabalhou na Educação Especial. “Essa sim, tinha coração enorme. Ela colocava muito, muito, muito a mão no bolso”.

 

AS PROFESSORAS, FORAM OMBROS AMIGOS DE CHOROS DE ADOLESCENTES EM DIVERSOS MOMENTOS DE DIFICULDADES DELAS, EM SUAS FASES, DE RELACIONAMENTO FAMILIAR, NAMORO, DISCRIMINAÇÃO E AFINS?

EDINA: “Trabalhar com adolescente ou jovem, sempre é um grande desafio, não é? E a gente percebia, que dependendo do dia, a menina chegava um pouco diferente na sala de aula, e a gente procurava ouvir, dar atenção, e de acordo com a situação, a gente encaminhava para a secretaria, para a pedagoga, para a diretora, porque muitas vezes a gente não tinha tempo de dar uma atenção especial, porque tinha que dar mais três aulas... a dinâmica da escola! Isso era uma situação recorrente, porém, eram outros tempos! Outra mentalidade e outros valores, e então a gente percebia, que neste processo todo, sempre havia o conflito de gerações e aquele adolescente representava isso! E o que a gente fazia? Quanto à minha pessoa, a gente escutava e eu aconselhava que conversasse com o pai, conversasse com a mãe, ou encaminhava para a pedagoga ou diretor, mas isso faz parte da vida de um professor!”

IZILDA: “Eram outros tempos mesmo! O tempo da gente eram diferentes os namoros, e tudo, não é!” Disse que trabalhando com o Magistério, as meninas têm muita confiança nos docentes, “e muitas vezes, o que elas não contam para os pais, elas conversam com os professores, e eu sempre fui de dar conselho para as alunas!”, para que estudassem antes de namorar, e procurassem se esforçar para serem independentes.

DORA: Dando aval ao que as amigas já citaram, pediu para dar um conselho: “Eu só quero dar uma orientação, para você menina... que ninguém manda em você, a não ser você mesma! Você manda em seu corpo, nas suas atitudes, então sempre diga Não! Vocês vão obedecer e respeitar, aos seus pais e às suas mães, porque o que eles querem, é o seu melhor! Então, não deixe passar dos limites e sempre fale Não!”.

JUSSARA: Assim como suas amigas, vê que eram outros tipos de comportamento, e aconteciam de começar a namorar “e achavam que iam casar, e não é bem assim! Tínhamos que orientar essas meninas para que não fizessem nada que viessem a se arrepender depois. E ainda hoje, não é, com essa ‘tal liberdade’ e eles acham que tudo é permissível, elas acabam ultrapassando os limites, e depois se arrependendo! E realmente... o que elas têm que pensar é em valorizar-se”.

Ao concluir a entrevista, elas deixaram suas mensagens: “Professores aposentados, venham com a gente! O nosso grupo é bacana, o nosso grupo é forte, e faz a diferença! Um grande abraço, e Feliz Dia das Mulheres, a todas as mulheres, especialmente às Professoras!”.  Complementaram: “A nossa homenagem vai a todos aqueles professores de Telêmaco Borba, desde aquele professor, dos primórdios de Telêmaco, como lembrei de Dona Eloah, como do Ensino Primário, do Ensino Fundamental e do Ensino Municipal! Aquelas professoras, algumas visíveis, que se destacaram, outras invisíveis, mas que deram a sua contribuição para a Educação à esta cidade. Então vai nosso carinho à todas!”, finalizou Edina Beltrão.

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