Nos Sete anos do Oberekando, esta história da vida de real, de amor, fé, superação e o vocacionado do Magistério
2021-04-01 às 00:05:12) O aniversário dos Sete Anos do Site Oberekando traz uma entrevista com uma professora que marcou e marca a vida de muitos alunos, ganhando também o coração dos respectivos pais e familiares. Valdívia Mossurunga Krubniki, nascida em Piraí do Sul aos 28 de setembro de 1947, tem seu estilo quietinho de ser, mas que traz no entanto, um amor gritante, pelos alunos, pela família, e acima de tudo, desde muito cedo, pelo aprender, que o despertou, ao ensinar.
Ela, dentre outros destaques na atuação profissional, foi diretora do Colégio Presidente Vargas, que nesta matéria será por muitas vezes chamado por Escola Presidente Vargas, como carinhosamente os alunos mais velhos de lá, a tratam.
PÓS-PANDEMIA: “QUE A GENTE VOLTE MELHOR, MAIS HUMANO E COM MAIS AMOR AO PRÓXIMO!”
“Muito bom a gente poder ter essa conversa aqui, e relembrar algumas coisas que fazem parte essencial da vida, e eu quero desejar de maneira especial, que Deus esteja abençoando a vida de todos. Que a gente possa confiar muito em Deus, nesta situação em que o mundo está vivendo, e que nós possamos, ao passar tudo isso, porque vai passar, - em Nome de Jesus -, que a gente volte melhor, mais humano e com mais amor ao próximo, que é assim que a gente deve ser né? Porque essa vida é só uma passagem... não é Oberek?”
PRESIDENTE VARGAS, O QUE SIGNIFICIOU PARA A SENHORA?
“Presidente Vargas, no início, Unidade Polo, significou muito grande na minha vida... parte da minha vida, essência, não é! Porque ali que eu aprendi, que eu ensinei, que eu convivi com muitos amigos, aos quais nós temos até hoje. Alunos, que a gente continua amando da mesma forma, pessoas que eu ajudei a crescer, que me ajudaram a crescer, porque na verdade a gente é um eterno aprendiz!”. Na instituição, ela trabalhou 28 anos, dos seus 38 de Magistério.
14 de Março de 1967 foi o dia que ela começou a trabalhar neste verdadeiro vocacionado.
FILHA DE PAI FERROVIÁRIO
“Como papai era ferroviário, sempre morávamos em lugares pequenos, como o Km 28, a Bacia, Ventania. Na verdade, havia escola, mas como era bem longe, fui entrar quando eu tinha 9 anos, já. Mas como eu queria muito aprender, e eu queria ser professora, daí uma das minhas irmãs, a mais velha, ela que realmente me alfabetizou e eu andava atrás dela com pedaço de papel”, em caderno feito de forma muito peculiar, pois passavam pela estação, trens com bobinas de papel, e com o resto de papelão que ficava, ela fazia o caderno, costurando os papeis.
Quando a entrevistada começou na escola, vinha da Bacia (antiga estação de trem) até Harmonia, ao Manoel Ribas, para estudar. Eram sete quilômetros entre ida e volta, a pé, e pela linha férrea. “Mas eu tinha uma ânsia por aprender! Só que quando eu entrei no primeiro ano, era Dona Elohá Quadrado (que hoje ganhou o nome da Casa da Cultura, o Centro Cultural) a diretora. Ela era parente de meu pai. Meu pai era sobrinho do Bento Mossorunga. Naquele tempo, lembrou ela, era separada a turma de uma mesma série, entre os adiantados, os médios e os atrasadinhos, e fora ela colocada na classe de início, pois começou a estudar no meio do ano, em agosto. Não demorou a passar para a classe dos mais adiantados, sabendo já ler e fazer a tabuada. O segundo ano, lembra, estudou com dona Rute Pucci. Ai, necessitou voltar à Piraí, na casa da avó, pois seu pai ficou enfermo e necessitou até de hospital.
Em Telêmaco, ainda menina e mocinha, vinha às vezes na casa da irmã dela. Casou no início de 1966, com Silvio. Com 1 mês na cidade, fez um concurso do Estado e passou, sendo admitida como professora ‘regionalista’.
TEMPOS DE JANDAIA E AS LULUZINHAS
Se esforçou muito e foi progredindo, e ai, fez Faculdade em Jandaia, em Pedagogia, e aos poucos, o povo que lá fazia com ela, foi desistindo, porque lembrou, era muito difícil. Nesta época, chegava de Jandaia às 3 horas da manhã, e sete e pouco já estava na escola, quando dava aulas no Leopoldo Mercer. Logo que terminou seus três anos em Jandaia, iniciou-se a Unidade Polo (que se tornaria Presidente Vargas) e foi chamada para atuar na coordenação, até porque também era ela já, efetiva no Estado. Depois que vieram os demais professores, a exemplo de Mansueto Poltronieri, Grazi, e Aurora. Hoje permanece viva na memória este período, porque elas têm um grupo em rede social (Whats) chamado o Clube das Luluzinhas, que tem essas professoras que marcam no coração de tantos ex-alunos, também Alzira, e Dóris fazem parte.
Outros professores, como Dudas e keko foram citados.
NA DIREÇÃO DA PRESIDENTE
Foram 10 anos, dos 28. Compara a estadia lá, como a extensão de sua família, e cita a professora Sônia Slompo. Também as serventes, as que eram da cozinha, o seu Albari! Dentre tantas, e tantos, todos marcaram! Ela tentou levar a direção, com muita espiritualidade, onde se colocavam também os valores dos funcionários: “A diretora não é melhor, nem o que está varrendo lá! Todos tiveram sua função”, que organizava essa instituição, que realmente, teve um nome na cidade. Formavam-se filas, para matrículas.
Dos alunos daquela época, disse da alegria de encontrá-los pelas ruas e ser chamada de professora. Um deles, de sua igreja, ainda comenta com ela quanto às preposições. Como professora de Português que foi, assim como seria no caso da Matemática com a tabuada, fazia uma dinâmica aonde na chamada, esses alunos não responderiam ‘presente’ mas sim, uma preposição.
OS FILHOS
A Silmara (52) é professora no Positivo. Já com Deus, Silvana, a mais velha, também era professora. Sílvio (50), o terceiro filho, é professor por formação, mas atua na área bancária: “Os meus filhos também estudaram na Presidente Vargas”.
COMO ELES CONVIVIAM COM A MÃE, PROFESSORA E DIRETORA? Silvana já fez com trato com a sua mãe, de que lá, ela não a conheceria. “Ela não gostava e passava de lado, mas a Silmara e o Silvio iam bater lá na sala dos professores, para pedir lanche”. No final do mês, a conta era grande, confidenciou, bem humorada, a mãe. Quem emplacou e se sentiu faceiro com a avó diretora, fora kaíque, o neto.
Dos fatos engraçados dos filhos-alunos, inclusive de Kaíque, como ele gostava de ter a avó diretora, certa vez quando ela, com os alunos sentados na escadaria da quadra, para com eles conversar, eis que ele estava fazendo ‘alguma micagem’ e ela a chamou a atenção. Ele, lembrou Valdívia, não sabia aonde enfiar a cabeça, de vergonha, e até hoje às vezes, com bom humor, lembram disso.
Já, Silmara, ela misturava as disciplinas de Educação para o Lar, com Educação Artística. Até chegou uma vez a levar o caderno de desenho para esta aula.
Sílvio, também com Educação para o Lar: Ele tinha que deixar preparada a farinha para quibe, a mesma usada em tabules, mas eis a dificuldade enorme dele quando a professora acorda e o pega muito intrigado com esse afazer... mas estava tentando a mesma eficácia, com a farinha de trigo!
“LEMBRO NELA TODOS OS DIAS”: Ao ser perguntada se há alguma lembrança neste quesito escolar, quanto à Silvana, não entende que seria nesse sentido e veio a resposta mais linda: “Todos os dias eu lembro da Silvana!”. Na escola, recorda que ela tinha, talvez o gênio, mais forte. Ela não gostava de misturar o aspecto de lá ser a mãe dela, profissional da instituição que ambas estavam: “’Mãe, eu não quero ser sua aluna, e não quero que você me cumprimente na escola’. Ela nunca foi atrás de mim!”
A Luceli, filha de criação, que na verdade é filha daquela que por muitos anos foi a secretária do lar de Valdívia, também estudou na Presidente. Ela já não era de ir atrás, mas às vezes algum lanche, e por vezes, se exibia, que a professora, ou diretora, era a mãe dela, disse com risos, a entrevistada.
MOMENTO QUE SENTIU AINDA MAIS O AMOR DE TB À SUA FAMÍLIA
Silvana, sua filha, vítima de um acidente no trajeto do Harmonia Clube, ficou 10 anos na cama, e foi neste período que a professora recebeu todo apoio da comunidade, e todos os dias tinham pessoas, de todas as religiões, que solidariamente iam fazer orações pela recuperação dela. Comentou da gratidão ‘eterna’ também ao Dr. Dilermando, que com dona Lola, seriam os sogros de Silvana, que namorava o filho deles, vitimado no acidente, entre o trem e a moto em que eles estavam, após deslizar o veículo, justamente na passagem da linha férrea.
Três anos antes de Silvana falecer, o esposo da entrevistada, Sílvio, morreu. Teve uma época que a professora estava com ambos, em coma, na casa. Uma fortaleza vinda dela, possível apenas de uma pessoa de muita fé, e com um coração enorme! Foram, em três anos, de quatro pessoas muito próximas dela, as perdas.
Ela tem a pretensão de escrever um livro, e já tem bom material. Quando a filha estava na cama, das coisas que fez, foi uma espécie de diário: ‘A minha vontade é colocar isso em forma de um livro, contando da superação, de como se consegue suportar isso, nessas situações,... que é só, o que? Com a sua intimidade e com o seu compromisso com Deus!”.
SÍLVIO DE TELÊMACO ERA O DINHO... DOS MAMONAS!
Na época dos Mamonas Assassinas, depois do acidente que os vitimou, quem fez muito sucesso foi o filho da professora Valdívia, Sílvio, pela semelhança que tinha com o líder desta banda, “que não é por ser meu filho, ele era muito lindo... é, ainda eu acho”. Nessa época, inclusive, Silvio teve um encontro com os pais de Dinho.
Além da formação intelectual, a professora Valdívia concluiu também, Teologia.
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