O paulistano planejou-se para 5 anos na cidade, e felizmente, está entre nós!
2021-03-21 às 00:03:14) O cardiologista tão querido pela cidade de Telêmaco Borba, Dr. Reinaldo Rinaldi, foi um dos três entrevistados pelo Oberekando, neste especial que marca os 57 anos de emancipação política da cidade, no dia de hoje, 21 de Março.
Formado pela Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, em 1974, aonde lá fez a Graduação, e a Pós, com a residência em Cardiologia. “Estamos indo para 47 anos de Medicina, e de Telêmaco, 40, bem completados. Uma trajetória muito longa, muito profícua, e muito prazerosa”. Ele nasceu em 11 de novembro de 1949.
MAIS UM MÉDICO CONVIDADO POR DR. MÁRCIO
Dois anos depois de formado, “o Dr. Márcio, hoje prefeito, foi a ponta de lança para minha entrada no Estado do Paraná”. Ouviu de Matos, ao qual foram amigos de universidade e que já não demostrava vontade de ficar na capital paulista, que “’tem uma cidade aqui do lado, um tal de Feitosa, que a coisa parece que vai longe’. E aí ele veio para falar com Dr. Feitosa, e ele entrou, vamos dizer assim, como o primeiro paulista, a invadir o teu território”. Rinaldi veio também nessa leva.
Ao este jornalista agradecer a Márcio por ter trazido Reinaldo à Telêmaco, respondeu o entrevistado que o grande agradecimento vai sim, ao próprio ortopedista, que “era um deus aqui!”, referindo-se a especialidade e ao ser feito por ele, muito além do que ele poderia, “pois aliás, ele é um grande profissional. Uma das melhores classificações da Sociedade de Ortopedia era dele. E ele fez coisas inimagináveis! Quando eu cheguei aqui, Dr. Márcio era uma pessoa extremamente requisitada e continua, mas ao final, juntamos tudo, e estamos nos empurrando, até hoje! ”.
A CUMPLICIDADE E COMPREENSÃO DA ESPOSA ROSIMARY, QUE O ACOMPANHOU PARA APENAS 5 ANOS...
Ele convidou a esposa para vir à Telêmaco. Ela era do Banco do Brasil em São Paulo. “Eu não menti, mas acreditava que iria ficar apenas cinco anos em Telêmaco Borba, dourei um pouco a pílula, porque aqui era complicado. Hoje melhorou muita coisa, mas aqui nós tínhamos problemas de habitação, tinha problema de comunicação e transporte, e ai com cinco anos, eu falei nós vamos ficar, e ela prontamente me atendeu, companheira, parceira. Eu já vim com uma menininha, a minha filha Débora, depois que nasceu o Fábio. Carinhosamente informou: “Ela deixou coisas importantes em São Paulo, para fazer essa trajetória comigo”.
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Os filhos, um casal: A mais velha, Débora é casada com Alexandre, e é arquiteta em Curitiba dentro da construtora dela. Ela tem o filho Adriano, de 13 anos. Fábio, médico, responsável pela Hemodinâmica da Santa casa de Marília, “ ele deu dois netinhos para nós”, que são o Guilherme (5) e a Nicole (7)”. Sua esposa, e nora de Reinaldo, chama-se Paula.
Na parede do escritório na casa do vovô, a veia artística dos netos, que fazem desde a muito os seus desenhos, e eles ali vão afixando. “Quando eles vêm, a vó já deixa canetas aqui! ”. Desenhos de Adriano, por exemplo, lá estão desde os seus 3 a 4 anos de idade. Dr. Reinaldo disse que ele, o primeiro neto, desenha muito bem, tal como a avó e a mãe, “mas com o que a gente se diverte agora, é com os pequenininhos, que os desenhos tomam conta da parede”.
Naquela brincadeira carinhosa de que os avós estragam os netos, por abrirem-lhes muitas concessões que nas suas casas são contidos pelos pais, foi perguntado a Rinaldi... quais são essas: “Olha, acho que é mais fácil você perguntar o que a gente não deixa fazer! ”. Revelou: “Os netos, principalmente, comigo também, mas com a Rose, é impressionante. A cumplicidade que eles têm, da vó... A casa é da vó... o vô está de passagem! ”. Ao adjetivar isso como muito bom, explica: “O amor que você tem pelo neto, ele não é maior que do filho... ele e diferente! ”.
RELAÇÃO COM OS CLIENTES PACIENTES, QUE ELE VÊ COMO PRIVILÉGIO, PELA GRATIDÃO SENTIDA
“Por mais que nem sempre se consiga 100% de resolutividade, às vezes, é muito reconfortante esse retorno que esse paciente tem, em termos de gratidão, de reconhecimento, de respeito... é muito interessante. Têm pacientes no consultório que tem 30 anos que eu trato eles. 20, 15 anos. Eles têm um sistema de cortejamento de acompanhamento, mas eles são muito agradecidos. Eu me sinto muito honrado de ter esse privilégio”.
Em sua relação, tem uma história de atendimento de mais de 20 mil pacientes, e foi a mãe deste que aqui escreve (Nair Oberek), uma delas, e foi quando este jornalista, ainda adolescente, aprendeu a ter carinho cristão, pela forma tão dedicada que Reinaldo atendia a ela, e a todos.
A CASA DE SAÚDE DR. FEITOSA, O IDF E A TRAJETÓRIA
Acha que deveria ser escrito algo com relação ao Dr. Feitosa, “que tem algo brilhante, e é de uma tenacidade, de uma determinação absurda. Mas os percalços que a gente teve quando a gente começou aqui - qualquer lugar tem – eram complicados” ao recordar a falta de elevador, e por vezes, até mesmo como fio de sutura era comprado o de costura, e as seringas ainda de vidro. Recordou que Dr. Márcio, com dois ou três meses de Telêmaco, fez uma trepanação (*Dentro da medicina moderna, a trepanação consiste na abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma broca neurocirúrgica) e o paciente saiu, chegando a falar “que o Márcio virou um Deus aqui”, relacionadas às dificuldades encontradas, e sanadas. “O pessoal era novo recém saído da residência, e com muita vontade de fazer o que era correto, e isso fez com que a Casa de Saúde desse um salto de qualidade muito grande na época, a ponto, guardada as devidas distâncias, de se fazer a resolução que Ponta Grossa fazia”.
Toda essa trajetória, conforme o médico, fez chegar ao hospital que é hoje, uma potência o IDF, com muitos profissionais novos chegando: “É a fila andando, e isso acho muito saudável, muito positivo. Você tem que ir acomodando a nova geração, sem que você precise necessariamente, se afastar definitivamente”.
O SONHO DE CRIANÇA EM SER CONDUTOR DE AMBULÂNCIA FOI SEU CHAMARIZ À MEDICINA
Ao lembrar sua ida à Medicina, primeiro recordou a classe social bastante baixa de sua família, quando sua mãe não tinha o primeiro grau completo, e o pai, a duras penas, tinha o quarto ano primário, e trabalhava na estrada de ferro. “Mas a gente morava perto de um pronto socorro, ou como se fosse uma Upa, de hoje, e quando meu pai me levava para fazer natação, (tinha um clube ao lado) e a ambulância andava com aquela sirene, e eu achava aquele som ‘ma ra vi lho so’. Para mim era uma sinfonia, aquilo! E toda vez que eu olhava, eu olhava pela janela do ônibus para ver se eu via a ambulância... ela era maravilhosa, toda branca com aquela baita daquela cruz vermelha, com aquela sirene... era muito pomposa! E ai eu falei para meu pai – eu quero ser ambulanceteiro”.
Com o tempo ele viu que seu caminho não foi bem esse: Como seu desempenho escolar era muito bom, e tudo era muito caro, sempre teve o privilégio de bolsas de estudo, e estudou em grandes colégios, aonde exceto o primário, todos os demais eram particulares, “e meu pai não tinha a menor ideia de como poderia pagar aquela mensalidade! ”.
LEMBRA DA FORMATURA E A PRESENÇA DA FAMILIA? “Foi uma coisa muito bonita. Eu entendo isso. Eu tento extrapolar, porque eu vi meu filho se formar, e também minha filha. Então eu tive uma ideia do que possa representar a emoção de ele me ver formando, não é? ”.
Foi Rinaldi o primeiro da família não tão somente a terminar a faculdade, mas já sim, o científico (o Ensino Médio da época). Depois, com o tempo, explicou que a família rompeu esse negativismo, de ficar somente sabendo ler e escrever.
Noventa por cento do salário do seu pai, era a mensalidade da Universidade da Santa Casa, exceto os livros e materiais, caríssimos especialmente naquela época. O pai dele explicou que era impossível, e definiu o entrevistado como “ganhei mais não levei”, porque se não frequentasse a escola, havia a obrigação de assinar a desistência, e foi ai que partiu para outros vestibulares e entrou na Federal.
Para se sustentar, dava aula de Inglês, fazia tradução de documentos, aulas de Matemática e Biologia, “até que deu certo para pagar as minhas continhas”. Destacou-se, - assim também lembra que fez Márcio a mesma coisa -, dando aulas no Curso Objetivo, ajudado por um amigo ainda que fez no curso de Medicina, e que era um grandão nessa empresa. Depois, descobriu que ser fiscal dos famosos ‘Simulados’, dava três vezes mais dinheiro que dar aula, e aprendeu esse caminho. O dono do Objetivo propôs ao grupo de fiscais, que queria fazer uma competição entre eles e os computadores recém adquiridos, de quem antes, conseguia fazer a correção das provas do simulado, e eis que eles, humanos, venceram a máquina... que naquele tempo, era novidade, e ainda estavam começando, os computadores.
OS MIMOS DOS PACIENTES
Algo que marca tanto médicos como suas equipes, são as pessoas que os oferecem frutas, doces, presentinhos, como sinal de gratidão pela relação criada médico/paciente. E dessas, uma vez, quando estava melhorando seus proventos, acabou de comprar um DelRey, e ao estacioná-lo na Casa de Saúde (IDF, hoje): “Meu carro lindão, mas lindo e bonito... eu comprei até a chapa (placa), que era TB5000. Mas não tinha dois dias e chegou o paciente e dizendo ‘Epa... Dr, trouxe uma coisa ali pro senhor”. Continua Dr. Reinaldo, nas palavras do seu paciente: “Mas não sabia como o senhor ia usar, então nós trouxemos vivo! Nós deixamos amarrado lá junto com seu carro. Aliás, bonito o seu carro! ”. O paciente amarrou um bode, no escapamento do carro! “... E pra tirar o bode de lá!!!!”.
“Ganhei muita galinha. Tinha um pessoal que era quase uma religião, no final de ano, você podia esperar, ou era porco, ou galinha, ovo, bolo de fubá...enfim! Ganhei muita coisa”. Perguntado ao cardiologista se isso marca, disse que é a humilde da pessoa, o agradecimento, o reconhecimento, que é uma gratidão muito pura, muito espontânea. Ela não é maquiada, é genuína”. Citou ele, da humildade sem a pessoa se humilhar. Uma humildade serena, e eu sempre tive muito carinho com esse tipo de oferenda.
A SUA MENSAGEM A TELÊMACO BORBA
“Além de parabenizá-la por mais um ano de sua emancipação, antes eu quero agradecer o que ela me proporcionou. Aos seus habitantes, aos meus pacientes, o meu sucesso profissional, e especialmente na gratidão e no reconhecimento humano que eu tenho. Faz muita diferença você trabalhar, tendo reconhecimento, e tendo apoio”. Disse que entra no consultório, aos 71 anos de idade, e com prazer, podendo conversar, atender e rir com o paciente, e essa retribuição vem de uma forma muito intensa. “Até a formação de meus filhos, queira ou não queira, a semente começou aqui, foram para fora, mas tudo começou aqui em Telêmaco Borba. A cidade, por todos os problemas que ela pode ter, eu tenho muito a agradecer a ela, e por continuar dentro do que eu posso, da minha capacidade, continuar contribuindo para melhorar um pouco o quadro de saúde e de atendimento médico, aqui na cidade”.
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"Nas três entrevistas, a condolência aos familiares de todos aqueles que perderam suas vidas, em decorrência do Covid19, vindas dos participantes destes bate-papos especiais".
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