Da Congregação das Irmãs de Santa Cruz, fundem-se com amor, à TB
2022-05-08 às 00:26:29) Uma conversa mais que agradável, traz homenagem especial às duas freiras, que tanta contribuição deram e dão, à Telêmaco Borba, e região. Das precursoras, Irmã Rosa, e fazendo companhia à ela, Irmã Frieda. Elas, em sua vocação religiosa, abriram mão da maternidade biológica, para colocarem seus corações de mãe, a serviço do povo de Deus.
Irmã Rosa Martin, que fará 87 anos, nasceu no dia 16 de maio de 1935, em Tipton, Indiana, que atua como diretora da Promoção Humana, e Irmã Frieda Roth é de Prescott, estado de Wisconsin, que ainda animada e impelida pelo espírito missionário visita doentes e idosos em hospital e nas casas. Ambas são dos Estados Unidos.
Disse Irmã Rosa, que tem entre seus feitos, a alegria de ver 43 clubes de mães fundados: “Obrigado à você, por me dar este espaço, e obrigado à Telêmaco Borba, que me deu a oportunidade de trabalhar aqui há tantos anos. Têm sido um prazer, uma alegria e uma paz. É fantástico!”. Já Irmã Frieda, disse que chegou fazem uns 12 anos atrás: “Esta é a segunda vez, Eu estou mais, fazendo visitas às pessoas no hospital, às pessoas nas casas, e pessoas aposentadas, e depois veio o vírus, e eu parei. Mas a primeira vez, eu estava trabalhando mais na catequese, e desta vez, mais visitas. Ela está com 94 e fará 95 anos em junho.
O DESBRAVAR, AS DIFICULDADES, O MOBRAL EM IMBAÚ E ASSENTAMENTOS
Rosa respondendo como surgiu Telêmaco em sua trajetória, disse que acha que devido ao Padre Egídio Gartner: “As irmãs vinham no mesmo navio que os padres vinham, desde os anos 40, depois da Segunda Guerra Mundial. Ele já estava trabalhando mais para cá, e nossas irmãs mais em São Paulo. E daí, por isso, já em 1962, eu vim trabalhar nas férias, aqui! Voltei depois do grande fogo, em 63, e vim em janeiro de 64, e trabalhamos em todos os acampamentos da fábrica, e Imbaú, porque não existia, na verdade, Telêmaco Borba, e logo os Redentoristas falaram ‘precisamos fazer uma escola para as irmãs darem aula’, e daí foi começado a construir a Escola Paroquial, em 64, 65, e ai começou a vir mais irmãs”. Muitas viagens para Tibagi para ver registros, batistérios, certidões de casamentos, e ajudavam as irmãs, a aposentar aquelas pessoas que tinham direito. Também, na saúde, os desafios, de muitas pessoas com pés tortos, lábios leporinos, além de crianças com problemas físicos. Além da escola, ela trabalhava – e continua hoje com o mesmo ardor, na parte social – na área social. Sem carros, e a procura por fazer documentos das pessoas, se ia do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Sendo de uma família que vivia na roça, nos Estados Unidos, era grande sua preocupação, que as pessoas pudessem produzir, e outra, eram as pessoas sem terras: “Fico feliz, porque na contagem que fizemos três anos atrás, eu fui instrumento para assentar, 14 mil famílias, e agora, a quarta geração de um assentamento”.
Muitas vitórias nesse interim, aconteciam, porque um ônibus saía de Imbaú para a área rural, e eram 96 adultos que saiam dos acampamentos para estudar no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Lembra ela, de Odete e de Adilson, ele que trabalhava no banco, e ela própria, dando aulas. O pessoal do Estado ficou de fazer uma visita ao Mobral de Imbaú, e nunca vinham, mas numa certa noite, dos 97 alunos, eis que vieram as autoridades educacionais, e 95 estavam lá! Dona Maria de Jesus, da Charqueada de Baixo, e lembra a freira do dente de ouro dela, e de quando essas autoridades a chamaram até a frente e perguntaram a idade dela, e ela, toda faceira respondeu: “Eu sinto que estou com 18 anos!” Fizeram eles mais cinco perguntas e foram sinceros em falar não acreditar, pois confessaram pra ela, que em dois anos, o máximo de alunos que encontraram em sala de aula, eram 10. Este fato, entre 1983 a 84, calculou Rosa.
A irmã Frieda entrou na Congregação em 1961: “Eu tinha 33 anos. Mas eu entrei mais tarde, porque minha família não era católica... essa é outra história!” Ela veio ao Brasil nos anos 80: “Foi difícil! Nessas épocas o governo não estava muito feliz com os missionários católicos... então demorou um pouco”.
IRMÃ ROSA MORAVA NA ROÇA
“Naquele tempo, estava difícil. Meus pais casaram na Grande Depressão, nos anos 33/34”. Eles sempre trabalhavam, na roça, com cavalos, porque não tinha carro, trator nem nada naquele tempo. Não tinha luz na casa, e nem água. Eram doze filhos, e disse ela, com resguardo carinhoso, que destes, “uma irmãzinha faleceu”, mas sempre tinha lugar para todo mundo. No domingo, o pai dela trazia gelo que comprava, e fazia sorvetes para eles. Como fazer, se não havia geladeira para o guardar? “Então, pelas 4 horas da tarde, nossa casa chovia de gente! Tinha que acabar com o sorvete!”.
TEMPOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: Situações como essas, pontua ela: “Tinham coisas, apesar da guerra, triste, que foram marcantes para nós, crianças! Porque as vezes, quando a gente via, quando abria a época de caçar coelhos, e com as espingardas e tudo, não sabíamos se eram de fato pessoas que íam caçar! Nós fomos bastante marcados”. Não tinha como saber por rádio, jornal ou televisão... que eles não ainda, tinham acesso. Mesmo nós, crianças na escola, todas pequenas, nós sentimos muito a guerra, até mesmo os cuidados de desconfiar, porque não tínhamos visto um japonês, porque não tinha jornal também! Situações essas naquela época, porque hoje é afável o relacionamento entre os japoneses e norte-americanos.
Neste sentido, foi perguntado se ela hoje, sente na pele, o que as crianças da Ucrânia sentem, respondendo: “Nossa, que triste!” Que desnecessário! Temos que rezar mais, e promover paz de toda forma que podemos”. Uma bondosa colocação de irmã Frieda, nesse momento, foi: “Quando fala de migrante, todo mundo é... todo mundo é descendente!”, numa alusão terna, a todos os países que recebem, com fraterno coração, aos refugiados.
NOME DE NASCIMENTO
As irmãs de Santa Cruz tem um critério de escolha, quando encerraram seus estudos e iniciam definitivamente como religiosas, que é escolher um nome, caso queiram, no sentido, segundo Rosa, por entrarem em uma nova etapa da vida, uma vida diferente, e o nome de nascimento de Irmã Rosa, é Monica Evelyn Tragessec. Já, irmã Frieda, optou por continuar com nome original, de Frieda Wilhermina Roth. No entanto, ela, que é natural de Prescott, estado de Wisconsin, teve um nome por um tempo, cuja tradução em português é “Pequeno Coração”, no sentido de singelo. Ela se tornou freira, em 1964. Já, irmã Rosa, em 1953.
Num momento, sempre esse Site preservando o respeito, mas de bom humor, ao Irmã Frieda comentar que seu pai nasceu na Suíça e familiares de sua mãe na Alemanha, e por ter sobrenome Roth, , este jornalista perguntou se ela era parente do querido Padre Donald (Roth), o que lhe arrancou sorrisos! Neste contexto, Rosa completa: “Está vendo que este mundo, vai sempre se encontrando... sempre se encontrando, e completando, e animando, e nós temos, a marca, um no outro”.
A ADOLESCÊNCIA
“Além do trabalho em casa, a gente ajudava vizinhos, para ganhar dinheiro. Cuidava das crianças (baby-sitter)”. Também trabalhou com tomate, além de milho aonde tiravam os pendões para fazer híbrido: “A gente sempre trabalhou, e cada um tinha a continha, aonde guardava o dinheiro, e desde pequeno nós gostávamos de ir trabalhar. Quase o único divertimento que nós tivemos, tinha uma quadra para patinar”. Neste caso, com três famílias que moravam próximas, cabiam todas as crianças no carro! E nas quintas-feiras à noite era para os lavradores, “e a gente ía quase toda a quinta-feira”. Ao lembrar o local que morou, e que era de bastante brejo, comentou que nas quintas feiras, também, era normal irem com suas varas de pescar, garantir um peixe para a sexta.
Já, irmã Frieda, lembra que, também morava na roça: “Nosso pai era pastor evangélico, e ele ganhou uma moradia, e nós estávamos no campo e tinha bastante espaço. E o pai criou cabritos, e eu gosto também de ver vacas, também hortas, enormes... então não foi muito social não!”
A INOCÊNCIA DE CRIANÇA, ATUALMENTE, SE PERDEU?
“Olha, a gente não pode julgar! A cada época tem a sua maneira, o tipo de brinquedo, e o que é possível. Hoje em dia existem muitos clubes, o que naquele tempo, eram mais moradores de uma área, que jogavam, ou como nós, faziam sorvete!”. Lembrou Irmã Rosa da produção de sidra e vinagre de maçã. Cerveja era pela vizinhança também produzida, e novamente, as cisternas para se guardar: “É interessante como a gente aprende a viver, sobreviver, com aquilo que a gente tem”.
Das lembranças de quando criança, Irmã Rosa se recorda que um cuidava do outro, pois eram 11 irmãos, mas se divertiam e brincavam muito, como usar as mantas como se fossem os paramentos do padre, sentarem em latas ao invés de cadeira, enterro para os passarinhos que morriam e batizado aos cachorrinhos e gatos que nasciam. ‘Tip’ era o nome do cachorrinho de estimação quando ela era pequena. Das recordações de Frieda, “a zona rural sempre foi uma área muito bonita, que sempre fui sentar e olhar, e apreciar árvores coloridas e tudo, e também nós íamos pegar os (berries) morangos”.
CONSELHOS À JOVENS E ADOLESCENTES
Quando se pediu para dar uma mensagem para as jovens e adolescentes, e nessa fase as vezes, de precipitação com relacionamentos, e sérias consequências que podem advir, irmã Rosa falou que é difícil para os pais e mães, acompanharem, e ela evita a palavra, controlar, mas devido, segundo ela, ser grande atualmente a liberdade, se tem que conversar. Convencer que há um tempo para tudo é importante, mas entende não ser fácil, “e é muito preocupante, e muito doloroso para as mães, ver o que a sociedade às vezes permite, e traz consequências pesadas!”. Para ela, é primordial não se fechar, e sim, usar o raciocínio, a paciência com os filhos, porque a juventude é empurrada... infelizmente é empurrada”. Acrescente-se a mensagem de Irmã Frieda, “conversar, estar presente. Eu acho mais importante que os pais amem uns aos outros. De verdade, não precisa falar muito para os filhos, mas ter coerência e falar a verdade. O amor é importante... como se vive, é o importante... não precisa falar muito!”
A mensagem às mães, de Irmã Rosa, “é que mais a gente procura rezar, e animar. Nos dar, estar presente! Às vezes, é uma presença de excelência. Às vezes é uma presença de silêncio, que não pode palpitar muito, mas procurar acompanhar. Não mimar, mas por outro lado, animar, agradecer e procurar dar oportunidades de exercer independência e responsabilidade. Não é fácil... a gente que não é mãe, não deve nem falar! O que passa no coração de uma mãe... as noites que não dormem... é duro! A gente diz para as mães... sejam mães, com letras maiúsculas. Não desanimem não!”. Ela, que se formou em Biologia, disse que queria ser enfermeira, e que acha lindo as pessoas, que se doam a cuidar dos outros. Conclui a mensagem: “Tenha paciência, mãe, pois este é seu grande dom!”. Irmã Frieda também, em sua mensagem, disse: “Que as mães se sintam valorizadas! Continuem a crescer no amor, que é o mais importante!”.
Somente de um coração bondoso, um final de entrevista com voz de gratidão, poderia ter encerrado. Conclui Irmã Rosa: “É nós quem agradecemos! Imagina... no Brasil, que leva Frieda para 95 e eu para 88 anos... este é cuidado e zelo dos brasileiros”.
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CONFIRA NO SITE DA CONGREGAÇÃO, A COMUNIDADE TELÊMACO BORBA
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