Rotariano de alma, amante de uma pescaria e vida de tantos afazeres!
A terceira e última entrevista para o Especial de Natal 2024 do Oberekando, é com a mesma intensidade de alegria, com Ataliba Gióia. Ele, que nasceu em Pirajú (SP), no ano de 1931, tem à seu critério a escolha de quantos anos faz, porque fora registrado apenas em 1934, três anos depois... ganhando ou perdendo, conforme pede a ocasião, três anos! Brincadeiras à parte, recentemente fez 93 anos!
O entrevistador, que aqui escreve, comentou a ele o fato da escolha da cor da camisa vestida, amarela, em homenagem ao grande serviço dele ao Rotary Clube, sendo essa uma das cores do emblema, ao que disse ele: “Realmente, por causa dessa camisa, eu fui seis vezes presidente do Rotary aqui, fundei o Rotary aqui, fui no Mato Grosso, fui governador no Mato Grosso, em 2000 e 2001, e lá eu tive o prazer de fundar outros rotarys”. Do período no MT, um quadro, pintado pelo artista Dupé, que não tem os braços, e faz a arte com os pés... Ele reproduziu Dona Neide e Seu Ataliba, enquanto o casal jantava numa reunião rotária. As andanças na incumbência da governadoria no MT eram mais árduas que aqui no Paraná, pois lá era apenas um distrito, que é o 444, enquanto que aqui, são quatro distritos! Lá, então, as visitas oficiais demandavam dele, percorrer até mil quilômetros, de um clube ao outro. Ainda no Mato Grosso, pelo Rotary, doou ao Estado, 20 computadores e 20 notebooks para as escolas, e isso, somado ao seu relevante trabalho, lhe rendeu o título de Cidadão Mato-grossense, dado pelo governador do Estado.
DONA NEIDE: A COMPANHEIRA DE 61 ANOS
Quanto ao sentimento de saudades que ele tem da esposa, Dona Neide --, foi pedido por este jornalista, que ele substitua quando se pegar, por ventura, pouco triste, por grandes e lindas lembranças, nos 61 anos de um feliz matrimônio vividos, até a morte dela, que fazem três anos. Ela foi diretora na Escola Marcelino Nogueira, em Telêmaco! “Nós não éramos marido e mulher... nós éramos amigos, companheiros... não sei fazer nada sem ela!”.
Uma das muitas passagens que causaram bom humor na vida dos dois, foi quando no maior aeroporto da Califórnia, nos Estados Unidos, ambos correram entusiasmados por um perfume, imaginou-se francês, que viram numa das chiques lojas... compraram... e ao saírem, olharam a faixada, que na verdade se tratava de uma Loja Boticário! Mesclaram-se risos e o orgulho da marca ser brasileira, e, de nosso Estado! Inclusive, lembrou Ataliba, com orgulho, que à época, o prédio aonde está o Boticário hoje, foi cedido à Rogério Zielonka, por Ele.
SEU ATALIBA NASCEU EM PIRAJÚ (SP)
Ele nasceu em terras paulistas, em 1931, mas foi registrado em 1934: “Como eu nasci em 1931, mas fui registrado em 1934, nos meus documentos eu fiz 90!”, disse, com sorriso! Ele tem duas irmãs, a Ângela e Regina, sendo ambas, já falecidas. Era Regina a mais velha!
Entre seus 20 e poucos anos, vem ele residir em Telêmaco, em 1955, no caso, em Monte Alegre! Seu primeiro emprego foi com o gerente dos armazéns de subsistência da Klabin, que era Olavo Bittencourt. Davam-se essa nomenclatura aos armazéns existentes nos acampamentos da Klabin, a exemplo da Antas, Miranda e Mina de Carvão. Pouco mais de um ano, foi Gióia removido para o escritório! Eis que tempo depois, Frederico Blanck Mendes o solicita para sua equipe, da antes, Estatística, setor que mais tarde passaria a ser chamado de Custo Industrial! Neste, antes, estava Olavo Batista Arpelau, que era irmão de Cacildo Batista Arpelau, que nomeia uma das ruas, próxima à rodoviária em Telêmaco.
SE VOCÊ MORA NA ÁREA 1, 2 OU NAS DEMAIS, EM TELÊMACO, OLHA SUA LIGAÇÃO COM ESTE QUERIDO ENTREVISTADO!
Ele imagina ser um dos mais antigos corretores de imóveis de Telêmaco, ao lado do seu amigo (e deste jornalista também), Dr. Ivo Bona. Falou com amizade e gratidão do amigo Pêro, pai, inclusive, de Dra. Mônica Barreto, da Clínica Evolua, parceira do Oberekando.
O dono da Bralink, ainda quando Gióia trabalhava na Klabin, disse a ele que pretendia fazer um loteamento em Telêmaco, e foi convidado por ele, a este empreendimento, e colocou os terrenos, das Áreas 1 a 10, à venda.
O PESCADOR... MAS QUE TEM FOTO PRA PROVAR!
Ele enfrenta 3.900 quilômetros para sua pescaria, a bordo de sua Saveiro! “Quando eu vou eu fico de 3 a 4 meses lá no Amazonas! Fui várias, e numa dessas, eu me perdi na mata, porque eu estava fazendo cevas para matar pacas, cotias, o bicho que aparecesse, e estava com a mochila, com sal, quirera, milho, e coquinho. Na mochila, a espingarda de um lado, e o facão do outro! Eram 6 horas da tarde, e eu tinha que atravessar dois rios... o Aripuanã e o Roosevelt: O Roosevelt nasce em Rondônia, Vilhena, e o Aripuanã, em Tangará da Serra, e eles foram se encontrar lá. Aonde eles se encontraram, nós fizemos uma pousada! Eu fui advogado desta pousada, e era lá que eu ia pescar sempre!”. Eis que se perdeu, e chegavam-se as 8 da noite, e foi jogando tudo, ficando apenas com o facão. Lá por uma hora da madrugada, eis que é picado por insetos, e felizmente, dois dias depois, fora encontrado por índios. Ele ficou em Humaitá, localizada após Porto Velho, em Rondônia, até se recuperar... isso por 15 dias!
Depois deste incidente, a filha Letícia falou ao pai que sozinho ele não retornaria à pescaria no Amazonas, e logo adquiriram as passagens aéreas para tal... mas, lá chegando, eis que ela quebra o pé, entre o primeiro e segundo dia, e não teve outra solução, senão retornar à Telêmaco!
GUARDA MIRIM!
Antes, deixou claro que Osvaldo Sarnoski, presidente da Guarda Mirim de Telêmaco Borba, é uma pessoa a quem ele nutre muito carinho e respeito!
“Só quero dizer, que quem fundou a Guarda Mirim fui eu, e como eu fundei a Guarda Mirim, eu vou contar essa história pra você! Eu era presidente dos comissários de menores, e tinham 20 comissários que trabalhavam comigo! O intuito do comissariado era também, não deixar criança, menor e tal, depois das 10 horas, meia noite, na rua. E era tanto Guri! Aí, era juiz, o Dr. Virgílio Castelo Branco Rocha Filho, e o Dr. Maurício Kinner, o promotor. (...) Então eu falei... eu tenho uma sugestão: criar a guarda mirim. Ele falou ‘como é que fazemos?’ E eu falei... me dê uma carta de apresentação, e o senhor assina aqui e o promotor assina aqui (Mostrou, exemplificando com as mãos, a carta). Eu fui em Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Curitiba! Aonde eu sabia que tinha guarda mirim eu ia. Eu fui pegando os estatutos, regulamentos, regimentos... tudo de cada um! Aí cheguei para o Dr. Virgílio e falei ‘a documentação está toda aí!’”.
Depois disso, na decisão de formalizar a pretensão de fundação, foram convidados para o definitivo ato, o Lions, o Rotary, a Maçonaria, e a sociedade de Telêmaco Borba. “Inclusive, o Sarnoski era do Rotary”, e nos três primeiros anos, Ataliba presidira a nova instituição!
Quando o entrevistado saiu, a Prefeitura ainda não apoiava, mas logo iria dar esta ajuda, e eram de 30 a 40 alunos! “Fui para o Mato Grosso, e quando eu voltei, estava lá encima!”, no sentido de ter emplacada!”. Na época, num pedido à Fundepar, conseguiu materiais, tanto para o Marcelino Nogueira, que tinha sua esposa, como diretora, como também à Guarda Mirim. Para isto, em dois caminhões conseguidos, houve uma requisição assinada por Dr. Péricles Pacheco, para o transporte e aquela força geral necessária, e também da Prefeitura. Depois dessa época, indo Ataliba ao MT, ficou Sarnoski. Um passo que ele explicou, era que, se por exemplo o guarda mirim tivesse recebimento, de 500 reais, (se adequando à hoje), 400 lhe eram entregues, e 100, automaticamente ficavam depositados em sua caderneta de poupança, montante que era retirado no desligamento do aluno.
CARTEIRINHA DE TRABALHADOR DESDE OS 7 ANOS DE IDADE! ANTES, NÃO ERA CRIME CRIANÇA TRABALHAR!
Deixar claro, que o apontamento do subtítulo, é de exclusiva responsabilidade do Oberekando, que compreende com muita alegria, que criança tem que ser criança, com hora de brincar, de viver sua infância, mas, especialmente naquele tempo do entrevistado e da infância do próprio jornalista, ser moldado ao trabalho, moldava também caráter!
Ele mostrou uma carteirinha, credencial, de quando na Casa do Pequeno Trabalhador, foi operário, e matriculado em 02 de outubro de 1941. Ele fez essa introdução, para lembrar um dos brinquedos de Natais, inesquecíveis, e que foi justamente um brinquedo, que ele mesmo havia produzido! Antes, com carinho, as irmãs (religiosas) colocavam vendas nos olhos das crianças para que houvesse todo aquele clima inesquecível de expectativa e surpresa ao receberem os mimos! “Essa eu não esqueço!”. Ele tinha sete anos!
QUAL O BRINQUEDO DE NATAL QUE MARCOU SUA VIDA?
O brinquedo que não sai do coração dele, que ganhou dos pais, também ele lembra! “Minha mãe era costureira, e entre um carretel ali e outro carretel aqui, colocava um pauzinho no meio, e assim, eu saía brincando”. Ao ver que o filho gostava daquele tipo de brinquedo, “ela comprou um carrinho com carroceria!”. Ele, neste, colocava carvão e outras coisinhas, para brincar! “Este foi o primeiro presente que eu ganhei da minha mãe... o carrinho!”.
ROUBAR JABUTICABA DO VIZINHO... O CRIME PERFEITO!
Mas, também, a pergunta que não quis calar, foi qual a arte que ele fez, que sua mãe ficou muito brava, e eis que confessou que foi muito arteiro, e até se lembrou que na época, não era chinelo ou varinha de marmelo, e sim, algo que lhes eram familiar! A correia da máquina de costura, virava a cinta! “Eu ia no vizinho roubar jabuticaba! Em cinco guris nós sentávamos assim, e ficávamos chupando jabuticaba!”... e lembrado por este Site, confirmado por Ataliba, um costume dos pais naquele tempo: e se apanhasse na rua, a outra surra era certa, na casa! “Não podia apanhar na rua!”.
TIRAR DOS FILHOS E NETOS, O IMAGINÁRIO DO PAPAI NOEL! SIM OU NÃO?
Perguntado a ele, quanto aos pais, que por vezes, até asperamente, cortam a fantasia de seus filhos quanto a existência do Papai Noel, a pedido, deu até mesmo um conselho, de que não hajam desta forma, e que é importante sim, cultivar fantasias, mas que sirvam para o imaginário, positivo das crianças, e que lá, no momento certo, os pais possam explicar que não os falaram antes da realidade, justamente pelo fato delas, serem ainda crianças!
OS AVENTUREIROS DA EMOÇÃO
Há cerca de 20 a 25 anos atrás, fez uma viagem de Cuiabá à Corumbá, por rio, cerca de 825 quilômetros, só no remo. Na época, Dr. José (dentista), Bernardo Solak e ele. Depois de 21... 20 e poucos anos, fez novamente, ao lado de Rogério Zielonka e João Maria Vicente. A saída de Telêmaco foi no dia 11 de junho de 2009, às 06:30 da manhã. Ele fez um belo diário, escrito e que apostilou.
Já, um mais elaborado, fora escrito para ele, com muita gentileza, pelo escritor e também advogado, o amigo em comum também deste que aqui escreve, Dr. Marcos Bahena. A primeira vez foi feita a navegação em 19 dias, e a segunda, em 30! Infelizmente, pouco tempo depois que retornou, o Dr. João acabou morrendo.
ADVOGADO, COMO AS FILHAS, COMPANHEIRAS
O entrevistado, feliz pelas duas filhas, assim como ele, advogadas, mesma carreira da filha/neta, Letícia, lembrou que foi professor de dois importantes advogados em Telêmaco, os Drs. Marcos Bahena e Waldi Moreira Soares, de saudosa memória! Tratava-se do curso de Contabilidade, no Miniginásio Santo António, que funcionava nas dependências da Escola Costa e Silva, e era proprietário da Instituição, o dentista e ex-prefeito, Dr. Tranquelino Guimarães Viana.
A formação em Direito, dele, foi graduação em Brasília, quando exerceu como deputado federal da Maçonaria, ao qual também foi deputado estadual, pelo Paraná.
Ataliba foi secretário de Administração na Gestão Tranquelino, e por seis anos, ficou no cargo.
DENGO PELAS FILHAS: “Eu gosto das três, sou apaixonado pelas três!”, assim se referiu às filhas, Luciana Gióia, Letícia Gióia Diniz. Uma é neta, e outra é filha. A Rosângela Gióia Siqueira completa o time!
Ele encerrou o prazeroso diálogo, uma lição de vida, com a Mensagem de Natal: “Que Deus abençoe a todos, e que nós possamos viver uma vida de paz e alegria, porque eu cheguei a conclusão... porque eu cheguei a essa conclusão depois de 93 anos... não foi de agora... foi no caminho, que nada leva ao ódio, à raiva... nada leva! O que leva nós, é Deus, e Jesus Cristo que nos guia, e é assim que nós temos que viver eternamente, e lá pro cemitério nós não vamos levar nada, e eles ainda vão levar a nós! E eu tenho uma história que eu sempre digo, que no meu caixão vai assim escrito ‘Aqui segue um cidadão simplesmente contrariado’, porque eu não quero morrer!”.
Ataliba foi vereador em duas gestões, e teve também, seu esforço na vinda do Campus da UEPG para Telêmaco. Duas importantíssimas, dentre outras, condecorações: é ‘Companheiro Paul Harris’ e também, Cidadão Honorário de Telêmaco Borba!
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