Esposa de Joaquim Gonçalves, primeiro coordenador, fez uma viagem no tempo, recheada de muito amor à família, aos amigos, ao Socomim e à Nossa Senhora
2019-10-12 às 03:35:27) Com 80 anos e quatro meses de idade, dona Clarinha, como é chamada Maria Clara Gonçalves, é esposa de Joaquim Gonçalves (In Memorian), que foi o primeiro coordenador da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, a capela do bairro Socomim. Ela é nossa entrevista especial neste dia dedicado à Padroeira do Brasil. Uma justa homenagem por tanta luta para que este local de louvor e oração, chegasse como referência de Telêmaco Borba, aos dias de hoje!
Perguntado para ela o que significa a Capela e a Comunidade do Socomim, assim respondeu: “É o tudo na minha vida. Porque aqui eu comecei, criei todos os meus filhos dando aquela carreirinha vindo pra cá. Rezando e voltando pra casa. Ai foi quando a gente começou a construir, desde 1968 ou 70 (não me lembro bem)!”. É um bonito trabalho que continua, “com muita alegria no coração!”.
O FILHO HOJE EXERCE O CARGO DO PAI NA COMUNIDADE
Do ver seu filho, Joaquim Gonçalves Filho, atual coordenador, referindo-se a alegria deste legado de pai pra filho, disse que as vezes senta-se no banco da capela e pensa: “Será que é verdade!”. Quando no dia da Missa Sertaneja, confessa que misturou-se a alegria com saudade, “porque naquele tempo, o meu marido (Joaquim, pai) vinha trazendo aquelas ofertas, e daí na hora da oferta eu senti uma saudade muito grande. Não que a gente não sinta sempre, mas naquele dia eu senti muita saudade!”.
Num momento nostálgico, esse jornalista deu-se ao direito de lembrar quando o próprio, criança, lá estava com a família da entrevistada: O esposo dela, Joaquim, por vezes tinha seu descanso após jornada de turno na Klabin, atrapalhado pela energia da criançada, aonde este teve o privilégio de se fazer presente. Geraldo, filho de Dona Clarinha, é afilhado na mãe (Nair – In Memorian) deste jornalista. Daquela safra de crianças de toda comunidade da época, disse ela: “Os que eram pequenininhos, já são pais de família, todos criados, não é?”.
LIMPEZA DA CAPELA
Pessoas como Ana, mãe de Lindamara Nogueira, Maria Santos, e Ditinha foram algumas das citadas, nas primeiras limpezas da igreja que estava sendo construída. Os filhos dos moradores, que participavam do grupo dos Coroinhas, Legião de Maria, Grupo de Jovens, dentre outros, também sempre que podiam, estavam nessa tarefa! Para evitar furtar-se em nomes, que se considerem todos homenageados e lembrados!
PADRES QUE SÃO GUARDADOS NO CORAÇÃO
Lembrou-se dos padres, como o tão estimado Miguel Lundi. Do padre Cláudio, disse que Joaquim chegou a chorar quando ele foi embora, e que este confiava muito no seu esposo.
“Foram vários e vários padres que passaram em nossa paróquia e comunidade que tivemos muito carinho por eles!”. O Jero ( Grupo de Jovens “Jovens, Esperança de Renovação”) tem este nome, pois foi impulsionado a ser formado, pelo querido padre Jerônimo.
Possibilitando que este jornalista e também Joaquim Filho fossem ao Seminário, foi padre Ricardo quem coordenava o encontro vocacional. No caso deste que aqui escreve, quando criança/adolescente, este sacerdote pediu que o senhor Eurides Gimenes (Armarinhos Paraná) parcelasse a compra de enxoval necessário para se iniciar em Ponta Grossa. Por curiosidade, na não tão distante ordenação de padre Wagner, também “do Socomim”, Eurides foi homenageado, porque ele, na pessoa de sua mãe, também ajudou Wagner. (FOTO ABAIXO)
Neste sentido de auxiliar na ida ao seminário, também é citado padre Jaime. Diversos meninos do Socomim foram: Adilson Cubliski, Aldrovando Bueno, dentre outros.
Quem celebrou por muitos anos na comunidade NSra Aparecida foi padre Donald Roth: Ele foi diretor dos menores (onde se incluíam esse jornalista e Joaquim Filho), no seminário em Ponta Grossa. Atualmente, também diretor, e dos maiores, em Ponta Grossa, o telêmacoborbense padre Ângelo Schemberger está sempre presente no Socomim.
CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA CAPELA ONDE É HOJE
ATÉ O CACHORRINHO DUQUE NÃO ESCAPOU: Das coisas mais engraçadas e marcantes da época da construção, recordou-se que ao chegar da fábrica, Joaquim (pai) reunia as crianças e vinham pra capela, “e a gente tinha um cachorrinho de nome Duque e ai eles vinham aqui e, pintando, pintando, e derramaram tinta no Duque e ele apareceu lá em casa tudo azulzinho!”. Concluiu-se que “ele não escapou, e também estava ajudando aqui na igreja”.
COZINHEIRAS: Enquanto os voluntários faziam o trabalho como pedreiro, carpinteiro, enfim, eram, conforme a entrevistada, além dela, também Dolores, Marica (primeira esposa de Sr. Assis), e Ditinha, dentre outras que preparavam a alimentação deles. Na verdade, não era nem cozinha, mas sim no porão, e se traziam coisas feitas de casa, como pães, porque não havia ainda forno no local: “Muitas vezes de trazer o famoso viradinho, pra nossa comunidade lanchar! Era correndo tudo... eu trazia meus famosos bolinhos fritinhos, os bolinhos da graxa!”. Confidenciou ela que até hoje alguns perguntam: “Você faz ainda aqueles bolinhos? E eu: ‘Faço!’”.
O tempo das Missões Redentoristas, com o sino tocando as 6 da manhã, para acordar o povo, são detalhes inesquecíveis.
COSTUREIRA DEDICADA ATÉ HOJE
A profissão que a ministra da Eucaristia tem, desde tanto tempo, é de costureira, e quanta dedicação! Lembra que com as crianças todas pequenas, ao elas irem dormir, ía até meia noite (costurando), para poder vencer! Entre essas, as vestes para os coroinhas, aos adolescentes, “tudo saia da minha mão! Até hoje, graças a Deus, faço com maior prazer as coisas da igreja!”.
Recentemente, disse ela, o padre Marcos trouxe uma veste que era usada pelo padre Ricardo, para ser reformada.
O ATUAL COORDENADOR, QUANDO COROINHA, GANHOU UM SININHO DO PADRE JERÔNIMO
De quando Joaquim (filho e atual coordenador da Comunidade) foi coroinha a primeira vez, ao responder se lembrava, disse: “Sim, mas ele ficava envergonhadinho. Ele era mais encabuladinho! Parece até que estou vendo a feiçãozinha dele! Ele com aquela capinha de coroinha!”. Bater o sininho quando se era coroinha, era a grande empolgação e estímulo de todos: “Até hoje eu tenho guardado lá em casa, o sininho que ele ganhou do padre Jerônimo, como uma lembrança... como uma relíquia!”.
A ADOLESCÊNCIA, E O NAMORO COM O FILHO DO DONO DA FAZENDA ONDE O PAI ERA CAMARADA
Quando ela tinha doze anos, seus pais vieram da cidade paulista de Itaberá, próximo de Itapeva. “Até tive a oportunidade de fazer lá minha festinha de 80 anos! Aonde eu fui batizada e registrada. Meu filho me levou lá!”. Contou: “Morava na fazenda, e casei com o filho do fazendeiro!”. A amizade e mais forte, começou quando ela tinha 13 anos e ele, (Seu Joaquim), 15. Isso na Fazenda do Pesqueiro, em Jaguariaíva! “Aí a gente se criou trabalhando lá, e quando tinha 17 anos, a gente conseguiu realizar esse sonho!”.
A ida deles para Jaguariaíva foi possível, pois seu tio Neco, que era o administrador da fazenda, foi buscar um povo em São Paulo. Eles estavam inclusos!
CHEGADA DE CLARINHA E JOAQUIM EM TELÊMACO
Com sete anos, a filha primogênita, Maria Aparecida, precisou ir para a escola. A menina vem para Monte Alegre morar na casa de um tio dela, Abel, irmão de Clarinha, que hoje mora em Ventania. “Ficou triste, triste, as crianças ter que sair, e daí alguém aqui na Fazenda Monte Alegre, arrumou serviço e a gente veio embora pra cá, para trabalhar na Klabin!”. Joaquim trabalhou antes indiretamente e em seguida na fábrica: “Criemos todos os filhos com ele trabalhando na Klabin!”. Ao contemplar essas histórias da vida real, disse que parece que passa um filme na cabeça dela: “Eu tenho pra dizer a você que eu sou uma mulher muito feliz, porque todas as histórias de minha vida foram bacanas!”. Feliz pelo bom relacionamento com todos, e entre os familiares, um ajudando o outro: “É uma alegria de minha vida!”.
OITO FILHOS QUERIDOS, E MAIS UMA, DO CORAÇÃO: NOVE!
Além dos filhos queridos, em ordem, que são a Maria Aparecida, Maria Inês, José Marcelino, Sônia Maria, Joaquim, Geraldo, Terezinha e Ana Maria, lindo o gesto dela, em contar mais um membro na família: Trata-se de Lindamara Nogueira. Perguntado quem mora aqui, das mulheres, ela com ternura fala: Só a Ana Maria que mora aqui e a Lindamara, que depois a gente adotou, né? Depois que a mãe dela (Ana Nogueira) faleceu, ela me adotou de mãe e eu adotei ela”. Fala com emoção: “Tenho seis filhas!”.
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