Curitibanos, ele, ex-seminarista Redentorista, Fernando, e ela, professora Ivone, comentam que voltaram antes de estourar a guerra
2023-10-29 às 12:09:06) O ex-seminarista Redentorista, Fernando Busato, foi entrevistado pelo Oberekando na cidade de Pontal do Paraná, ao lado de sua esposa, a professora Ivone do Rocío Hubie Busato, e relataram sua viagem à Terra Santa, e o respirar aliviado pela volta à Curitiba, aonde residem, por terem deixado a cidade de Tel Aviv, quarenta e oito horas antes de acontecer o atentado a uma rave que lá acontecia e a subsequente explosão do conflito contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Antes propriamente de se entrar no tema, não se deixaria de comentar da vida do curitibano, Fernando, e sua busca, na época, pela vida sacerdotal, e da participação no XI Encontro Internacional dos Amigos do Seminário Redentoristas.
Ele nasceu no dia 02 de agosto de 1956, e Ivone, em 19 de novembro de 1955. O comerciante e bancário, e ela, professora mestre em Biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e com carreira na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e antes Cefet, e na Rede Estadual de Educação; sempre interagem aos eventos dos ex-seminaristas e são católicos praticantes na comunidade a qual fazem parte.
“Sempre muito bom... sempre muito bom, rever pessoas que faz sempre, tempo que você não vê, e aquelas que você sempre vê também”. Ivone por sua vez: “Eu tenho um carinho muito grande pelos Redentoristas, pois além do Fernando ser Redentorista, eu sempre participei de uma paróquia Redentorista. A minha Paróquia do Perpétuo Socorro, além de eu conviver com um ex-Redentorista, eu convivo com os atuais Redentoristas. Eu sempre bebi com o padre Lourenço, da espiritualidade de Santo Afonso (Fundador dos Redentoristas), e fico muito feliz de ver que assim como Santo Afonso tocou meu coração, tocou o coração de todas estas pessoas, fazendo com que a gente seja pessoas melhores. Acho que isso é o legado de Santo Afonso pro mundo, pra nossa geração. Nós nos tornarmos pessoas melhores, que acreditam naquele amor incondicional que Deus tem por nós! Esse Deus que é enlouquecido por nós, que nos veio através de Santo Afonso.
A FAMÍLIA REDENTORISTA
Comentando sobre o início da vida matrimonial daqueles que, ao saírem do seminário, por vezes, antes de restabelecerem-se profissionalmente, tiveram desafios, disse: “Como todas as famílias, nós penamos muito no começo. Contamos todos os centavos no fim do mês, e acho que demos sorte, e fomos agraciados também. Temos 41 anos de casados. Não é fácil você optar pelo matrimônio”, lembrando o que cita o papa Francisco, ela, de que ‘não existe família perfeita, marido perfeito, não existe filho perfeito... a gente não é perfeito, mas a gente tem que viver a vida, porque ela é maravilhosa’”.
VIDA NO SEMINÁRIO E A VOLTA, COM A VAGA GARANTIDA, NO RETORNO AO BANCO QUE TRABALHAVA
Fernando ficou no seminário de 1977 à 79. “Eu já era adulto (21 anos) e foi uma experiência muito boa. Completou minha vida. É um divisor de água, na vida”. Também carimba a esposa: “Eu conheci o Fernando antes e conheci o Fernando depois... foi um divisor de água!”.
Foi sua opção a ida, e quando voltou do seminário, colheu frutos de ter sido um bom profissional, porque a sua vaga no Banco Bandeirantes, local que trabalhava antes de ir, lhe foi ofertada, quando deixou o sonho do sacerdócio.
LOGO DEPOIS... O NAMORO!
“O pessoal não acreditava”, confidenciou a professora, de que eles conseguiriam esperar... para iniciar o namoro, porque, com sinceridade disse, que ambos, eram muito namoradores! Um ano depois que ele saiu do seminário, o cupido e Santo Antonio, entraram em ação! “Frei Benjamim, que é franciscano do Bom Jesus, ele deu pra nós, seis meses de namoro!”, lembrou ela.... emendou Fernando: “De casamento, ele nem deu expectativas!”
Na sempre curiosidade se na escola, das ainda crianças, as filhas Raquel e Isabel, chegavam a perguntar se o pai delas, quase foi padre... pois isso é comum na trajetória de famílias que tem ex-seminaristas, disse que até sim, aconteceu, mas o mais engraçado era elas, crianças, quando viam o padre Lourenço, o abraçarem e dizer: “Padre Lourenço, obrigado pelo senhor ter mandado o meu pai embora do seminário!”, falou Ivone, que completou: “O padre Lourenço tinha um grande carinho por elas”.
A UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, ESPECIFICAMENTE, O CAMPUS PONTA GROSSA
“Quando na época, o ainda Cefet, incorporou o seminário de Ponta Grossa, eles pediram para que pessoas dos Departamentos, - somos ligados diretos aos Departamentos, e o meu era de Biologia e Química -, que a gente fosse lá para ver se tinha alguma coisa do seminário, ou do Departamento, que pudéssemos reaproveitar”. Ela também fez banca para entrada de novos professores.
A jornada de 42 anos de sala de aula, fazem dois, que se encerrou, devido a chegada, da mais que merecida, aposentadoria.
SER PROFESSORA E O SER CRISTÃ
No Cefet, na universidade, se tratava do tecnológico. Já, na rede estadual, após isso, ela teve que se readaptar, e conviver com a pessoa, devido ao acesso com os pais e com as coordenações pedagógicas, “e daí para mim foi um impacto, porque eu tive que aprender a abrir meu coração”, disse a professora, como se não fosse, sempre, querida por todos os acadêmicos e alunos, por onde passou. Perguntada pelo Oberekando de algum momento, em que além do Magistério, teve que falar mais alto, o coração de mãe, citou o passado episódio, mundialmente danoso, da baleia azul. Diálogos, que com certeza podem ser adjetivados como fraternos e de aconselhamento, com alunos do Ensino Médio; se fizeram necessários.
A VISITA NA TERRA SANTA
Uma bênção, assim definida pela esposa. “Era um sonho meu e da Ivone. Não só Israel, mas o Egito, a Jordânia e Israel. Ficamos 22 dias em viagem e todos os lugares foram maravilhosos, e as pessoas maravilhosas, e mesmo no estado de Israel e na Palestina, você não percebia nada de anormal. Estava tudo dentro da normalidade... pra nós também foi um espanto. Espanto maior, é você ter se livrado!”, informou ele, obviamente, grato à Deus, mas triste por todas as vítimas, e com a atual situação, e na torcida que isso cesse.
Eles saíram na quinta-feira, dia 06 de outubro, e o atentado, seguido da guerra, estourou de sexta para o sábado: “Cheguei em casa. Desci do aeroporto Afonso Pena, a gente chegou umas nove horas da manhã, a minha filha me recebeu na porta, nos abraçou e disse assim ‘Mãe, estão bombardeando Tel- aviv. Eu disse...mas não é possível! Antes de andarmos em tantos aeroportos nós estávamos lá. Saímos do aeroporto de Tel Aviv. Fomos à Faixa de Gaza, fomos à Jericó, Belém... não tinha nada, nada nada! Nosso guia era católico, pegava a Bíblia. Tanto o da Palestina como o guia de Israel eram católicos, e a gente realmente ficou muito surpreso! Muito surpreso! Muito triste!”, descreveu a esposa.
De fato, acaba sendo uma bênção, uma graça, o momento de ter a filha, Isabel, os recebidos e abraçados, livres de terem presenciado a agonia de – assim como foram alguns -, ver o país em conflito e o temor do retorno, e terem salvaguardadas suas vidas. Raquel, também, a outra filha do casal, um respirar de tranquilidade em ter os pais em casa!
COMO MÃE, COMO É VER JOVENS, RAPAZES E MOÇAS, NAS FRENTES DE BATALHAS?
Em Israel, a mulher serve dois anos, obrigatoriamente, à Pátria, e três anos, os homens, nas Forças Armadas, e é para a família, motivo de orgulho, estar o filho, no exército. Na ocasião do ataque, este era o clima: Na sexta-feira anterior ao ataque, iniciava justamente a Festa do Tabernáculo, no país. Ocasião em que se celebra com a família: “Nesta festa, todo judeu tem que fazer uma tenda no lado de fora da casa dele, e tem que fazer todas as refeições, ali, porque é um povo que tem que estar a caminho... então é um povo que tem que estar preparado para sair. As crianças não foram para a escola. Nós passamos uma semana com todas as crianças. Aonde a gente ia eram cheios de crianças... as praias eram cheias de crianças, porque eles estavam nesta festa das tendas, e daí a festa das tendas acabou na sexta-feira e o Hamas pegou eles muito desprevenidos, porque eles tiveram uma semana santa. Voltada totalmente à família, à Deus, à convivência. Até nos hotéis que nós ficamos, tinha uma tenda. E tem que ser uma tenda desmontável... não pode ser fixa”, detalhou ela.
UM RECADO DELA, AOS ALUNOS QUE SÃO BONS E EDUCADOS, COM AMIGOS E PROFESSORES
Sem aqui discriminar, mas, os diversos alunos, que como no passado, preservam serem educados com os professores, amáveis com os colegas em sala de aula, pediu o Oberekando um conselho, que esses, nunca desistam de assim ser, pois hoje, acabam sendo exceções, naquilo que deveria ser regra: “Acredite em você mesmo! Você tem capacidade, tenha força de vontade. Tenha esperança. O meu vizinho da frente, ele trabalha na Petrobrás, e ele foi meu aluno. Meu aluno do Ensino Médio. E esses dias numa reunião ele falou assim... ‘professora, com vocês eu aprendi a ser pessoa’. Então, isso é o melhor retorno que a gente pode ter na vida! Toda vez que eu vejo o Léo (o Leonardo, que é meu vizinho), eu digo... poxa, fui uma boa professora, porque o Léo aprendeu a ser pessoa, a ter compaixão, a ter paciência, no nosso ensino”.
Durante o bate-papo, sem a menor intenção, mais se falou de Israel, falha deste jornalista, mas, ao final, toda ponderação, seja do entrevistador, como dos entrevistados, quanto a grandiosidade de coração e honradez, do povo palestino: “Povo bom, fantástico. Fomos muito bem recebidos, também pelos palestinos”, enfatizou o casal, uníssono.
Quanto ao encontro e aos povos que sofrem devido ao conflito: “Eu quero parabenizar os ex-Redentoristas por esse encontro. É muito bom você rever o passado, porque a partir do momento que você revê o passado, é que você projeta o futuro. E vamos para Asunción (local escolhido para o XII Encontro Internacional dos amigos do Seminário), e com relação ao conflito, é como o papa disse, ‘gente, vamos botar a mão no terço, dobrar o joelho, e rezar por esse nosso mundo, para que haja a conversão no coração das pessoas’. Também lembrando lá da Rússia e Ucrânia, porque não podemos esquecer deles, também!”. Fernando, por sua vez: “Minha mensagem é que vale a pena viver! Vale a pena você amar as pessoas, gostar das pessoas, conviver com as pessoas, e também torço para que os povos da terra, a humanidade, se ame mais... queira mais o amor, que a guerra. Mas, toda gente, toda cultura, tem a sua riqueza, e são maravilhosos. E quanto ao encontro, maravilhoso, como sempre!”.
A cidade de Tel Aviv se tornou a capital provisória do país, até que em 1980, esta incumbência coube à Jerusalém.
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