Um resgate de sua história, reflexões, relação aluno/professor e família
2019-08-25 às 11:39:18) Abraão Batista Ribeiro, ou pode ser um telêmacoborbense por adoção, que nos autoriza-o chamar-lhe de professor Abraão. Com ele foi a conversa do Oberekando, durante a semana, e agora, trazida a público.
Professor formado em Letras Anglo-portuguesa com as especializações em Análise Literária e Educação Patrimonial pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, exerceu o Magistério por 37 anos e 11 meses, e fazem 43 anos que reside em Telêmaco.
ESCOLHEU A PROFISSÃO POR SE ENCANTAR PELA FORMA QUE UM MESTRE A EXERCIA
“Todos os professores tocam indelevelmente no interior de cada ser. Deixam marcas imperceptíveis na maior parte deles, mas para todos, deixa uma abertura, um caminho a seguir, e esses traços, essa herança que o professor deixa no aluno... Eu sou professor, graças a um professor de Tibagi!”.
Nesse momento nosso entrevistado lembra o nome de Aroldo Rolin Costa, que era seu professor de Geografia, além de advogado. O professor Manoel Ribeiro, Neco, também o cativou, dentre outros: “Essas pegadas que eles deixam no aluno são marcantes e determinantes para a formação da personalidade”.
SEMPRE MILITANTE EM BUSCA DO BEM DE SUA COMUNIDADE
Todos que o conhecem, sabem que o professor nunca deixou de defender pautas, e não poderia ser diferente agora, mesmo que pudesse, - septuagenário que é -, dar-se ao direito de descanso! “Está no interior de cada um, essa busca insaciável de ver as coisas andando, e agora a gente está numa causa pró-deficiente aqui (Ele faz parte da Ong DIDEF-TB – Direitos Dos Deficientes de Telêmaco Borba), e agora nós temos a OAB que está nos dando respaldo legal, e buscando nossas políticas públicas para essas questões”.
O local em que foi gravada a entrevista, na Praça da Família, de frente com a Secretaria de Cultura, disse ele, “tem muito a ver com a minha vida, né?”.
NO TEMPO DO ABRIGO PARA MENORES
A vida profissional dele foi iniciada na cidade de sua origem, Tibagi, lecionando na zona rural, na época, em Caetano Mendes: “Fui transferido para a Escola para menores de Tibagi, que era um estabelecimento do Governo do Estado, que abrigava crianças abandonadas pelas famílias, que tinha cerca de 200 menores. A faixa etária daquela época era de 5 a 20 anos, e a maioridade civil eram 21 anos”. Com 18 anos os rapazes iam para o Exército, e caso não prosseguissem na carreira militar, retornavam para completar a etapa. Naquela época, desses internatos, existiam três no Paraná: Além de Tibagi, também em Piraí do Sul e Curitiba.
“Vindo para Telêmaco, desde que cheguei, fui para o Wolf Klabin. Minha nave mãe é o Wolf Klabin”.
MODERNIDADE A FAVOR, MAS A SAUDADE DO RESPEITO AO PROFESSOR NO PASSADO
A conversa com Abraão, permeou o tema ‘respeito com os professores’! A chegada da atual modernidade com os absurdos que hoje acontecem em salas de aulas, com parte de alunos em total falta de respeito, e por vezes agredindo aos seus professores. A época em que o estudante, ao ter que responder uma pergunta ao docente quanto a matéria dada em sala de aula, era por ele chamado:“Senhor (Nome do Aluno) pode se levantar e me responder por gentileza (tal questão)”, foi rememorada. Obvio que os tempos mudaram, mas a educação e o trato com as pessoas, a gentileza, não..., jamais, poderiam perder seu espaço! E perderam! Também o interesse pelo de fato aprender, e não o apenas ir bem nas provas! Claro, que não se trata de regra!
E A FAMÍLIA?
Suscitar esse tema, um dia antes do encerramento da Semana Municipal da Família, ao qual o professor esteve assiduamente partícipe, no espaço da OAB e DIDEF-TB, trouxe a Família à baila!
“Este nosso bate-papo nos leva a algumas indagações: Para onde está indo à família? Quais os valores que os nossos pais vão deixar para os filhos? Qual o estigma que vai deixar, quais os traumas que vão causar? Tem que ver que a educação hoje está terceirizada. Os pais precisam trabalhar, os filhos ficam terceirizados primeiro, à educação dos avós, e depois, em Cemei´s. Não tem aquela raiz como antigamente! Nossas mães tinham 5 ou 6 filhos, a prole era enorme. Ela ficava em casa e o pai trabalhava!”.
Quando da estrutura familiar, por exemplo, da substituição por vezes da atenção dada ‘de um, a cada um’, por telefones celulares ou aplicativos online... O diálogo que se faz necessário e está se perdendo pouco a pouco, e “que haja tempo de se resgatar!”, lembrou ele, e que possa-se entender que são essas tecnologias, “ferramentas, e não essencialidades”!
O entrevistado é casado com Ione de Jesus Ribeiro, nasceu em 26 de outubro de 1947, e tem os filhos Julimara Batista Ribeiro, Evelise Batista Ribeiro, e Rubens Felipe Ribeiro.