A temática voltada às pessoas com deficiências, é integrante do Oberekando
2023-04-01 às 09:01:44) O Núcleo de Atividades e Desenvolvimento do Paradesporto (Nadepar), é uma iniciativa criada pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Recreação de Telêmaco Borba, a SMCER, e convidados para a entrevista especial de nove anos do Site Oberekando, o casal Silvana Dias Moreira, ela, que é técnica da Nadepar e professora de Educação Física e seu esposo, Allan Lopes Pereira, que preside a Atitude: Associação Telemaco-borbense de para Inclusão, Trabalho e União dos Deficientes, além de Marcos Alves Camilo, na condição de vice-presidente da Atitude, e dentre outros feitos, para-campeão Universitário das Américas, ao relatarem suas trajetórias, destacam o Nadepar, como divisor de águas na oportunização dos portadores de deficiência em Telêmaco, aos esportes! Sim, aos, devido ao leque de variedade de modalidades hoje existentes!
“O Nadepar é um trabalho que vem crescendo muito, e fico muito feliz com isso. Começou há dois anos, tem crescido muito e a nossa expectativa é que cresça ainda mais. A gente tem muito orgulho do trabalho que tem sido feito, com a parceria com Camilo, com os demais integrantes, com voluntários, com Bello (Anderson Rogério Wendt), que iniciou este trabalho. A gente tem visto a alegria dos pais, dos alunos, e o Camilo sabe muito bem de quanto tempo ele lutou sozinho, e foi para as competições sozinho, mesmo sabendo que tinham muitas pessoas com possibilidades de ir. São muitas pessoas e não estavam sendo enxergadas. Tinham capacidade de conseguirem se desenvolver, mas não tinham a oportunidade”, disse ela. O fato de se encontrarem, se exercitarem, estarem conversando e das viagens, que são muito importantes para o desenvolvimento deles, são fatores essenciais. De acordo com Silvana, há um pensar que a pessoa com deficiência deve evitar atividades físicas (direcionadas) e na verdade, é muito pelo contrário! “A atividade física é de extrema importância para o desenvolvimento da pessoa com deficiência! Ela vai ter uma dificuldade em fazer, mas ela vai melhorar muito se você insistir que ela faça, e a gente vê isso nos alunos, como eles melhoram”, enumerando alguns, antes, com dificuldade de andar, outros com pouca força no braço e que agora estão fazendo levantamento, e muita melhora motora. Refletiu ela: “Imagina se isso estivesse acontecido na vida deles, desde bebê?”
Perguntado por este Site, da onde fora a feliz descoberta da SMCER, desta professora Silvana, que faz tanta diferença na vida das pessoas... de forma bonita e inesperada, Allan responde antes dela, apontando ao céu: “Deus!”. E ela respondeu: “A frase que mais falamos é que Deus não joga dados! Nada é por acaso, e ele tem os planos dele, e é aquilo! Depois as coisas começam a acontecer e a gente vai compreendendo”. Um episódio como acadêmica da UEPG, relembra do professor Sales, pois quando ficou nervosa em uma atividade, - era uma rua de lazer -, chegou um aluno da Apae e ela lhe disse não saber o que faria (em termos de que atividade, enfim) e ele falou ‘se vira. Por isso você está estudando. Vai lá e atenda o menino’. Quando foi fazer pós, conheceu Allan, o atual esposo, e ele ainda tinha um pouco de visão! Pouco tempo depois ele perdeu a visão toda, e com ele, a experiência prática de agir com pessoa com deficiência. No início, lembrou ela, que as vezes esquecia porta de guarda-roupa aberta e eis que ele, acidentalmente se machucava, e nas ruas, as vezes, as placas, mas enfim, muitos progressos! Brincado com ele, perguntando se ela melhorou, respondeu: “Da água pro vinho!”. O que marcou sua experiência ainda maior com pessoas com deficiência, foi o nascimento do primeiro filho do casal, Felipe, que tem síndrome de down. O diagnóstico foi sabido um mês depois do nascimento, e ela recorda que pela médica, hoje tão estimada, que a disse do diagnóstico, a primeira ação foi ter raiva: “Eu fiquei um ano com muita mágoa dela!”.
A vinda dela para a Secretaria de Esporte, Cultura e Recreação veio cerca de um ano após o nascimento de Felipe, após assumir, devido aprovação em concurso, como técnica com formação no Ensino Superior em Educação Física. De certa forma, informou ela, foi o filho, além de todo carinho e cuidado dedicados e recebidos, também seu laboratório no procedimento com pessoas com deficiência. Lembra como Fabrício a deixou à vontade para suas iniciativas, e elogiou-o, inclusive, por estar aberto a sugestões. Quando uma das conversas envolveu o goaball, ela rememorou que seu esposo era cego, e que devido a isso, facilitaria que amigos dele, fossem convidados à essa prática esportiva, o goalball. Ela, antes, lecionava no Estado, no Colégio São Pedro, na Área 2, como professora de Educação Física.
Depois desta categoria, outras modalidades foram se juntando e talentos, sendo descobertos, como a Katleeny, Marcos Camilo, Juarez e tantos outros alunos, o que acabaria impulsionando a criação do Nadepar. Hoje são 70, os matriculados!
ALLAN E A ATITUDE
Ele disse que a grande referência do trabalho feito com as pessoas com deficiência, até então, e hoje e sempre, continuam com excelência, é a Apae, e com a criação do Nadepar, juntou-se um grupo grande. Assim sendo, agradeceu por demais o pessoal da Subseção da OAB de Telêmaco, na pessoa do casal de advogados, Dr. Filsner Ferreira e Kely Nocêra, ela, inclusive, que presidia a Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da OAB, e ele, naquele momento, vice-presidente da APTAA. Depois de conversar, a consultando a esposa Silvana, aceitou ser candidato à presidente de uma associação que ali estava se formando, a Atitude! Há dois anos atrás, no dia 1º de maio! Ele viu naquela oportunidade, o acalhamento do trabalho da esposa, no Nadepar, com uma pretensa associação que podia surgir. Mas, a documentação completa, inclusive o reconhecimento como pessoa jurídica, e sem esquecer da demora de papeladas, no Brasil, só saiu, - foi concluído o trâmite e passou a existir de fato e de direito -, fazem quatro semanas atrás!
A DEFICIÊNCIA DE ALLAN VEIO POR GLAUCOMA CONGÊNITO
Ele, Allan, fará 40 anos, dia 24 de dezembro! Ele, filho de Dona Clarice e Seu Loris, explicou com muito bom humor, que se pai não o perdoa até hoje, porque na naquela véspera de Natal, de seu nascimento, o fez passar, comendo cachorro quente! Elogiando também sua mãe, disse: “Minha mãe, uma baita guerreira. Eu também tenho uma irmã, Clarine, que é mais velha que eu, e ela quando eu nasci, perdeu o colo, porque começou uma correria absurda comigo, e vai pra Curitiba, e vai pra São Paulo, até porque, a tecnologia de 40 anos atrás, não era como hoje, e era muito mais difícil!”. Com nove anos de idade, a visão do olho esquerdo, zerou completamente. Quando conheceu Silvana, ainda tinha 40% da visão direita. Ele teve o prazer, de a conhecer, enxergando a esposa! “Costumo brincar que com 40% de visão, eu vi que o que eu tinha ali, era bom e eu vou casar logo!” Em 2010, veio o deslocamento de retina e sua visão zerou, e hoje, nos 5% que restam, consegue ver claros e escuros, somente! Carros, percebe!
Ao ser perguntado, se nada de revolta com Deus, tranquilamente, respondeu que não! Quando tinha entre seus 12 a 13 anos, quando ficou sabendo que iria precisar fazer uma cirurgia, lembra que caiu na besteira de se injuriar com Deus, “e já não deu muito certo, e já vi que ia ter que fazer a cirurgia do mesmo jeito, e vida que segue!”.
CAMILO
“Eu comecei com o esporte dois anos depois de meu acidente, que você já sabe, que eu caí de moto, e fui me desenvolvendo. Eu sempre gostei de esporte, minha vida é o esporte. Trabalhava na Klabin, e tinha também o sonho de fazer Educação Física”.
Fez ele, agradecimento ao professor Anderson Valério, técnico da ADTB, recente, bicampeão mundial de Futebol de Salão, que lhe proporcionou, via uma instituição de Ensino Superior da cidade, a graduação em Educação Física: “Se vocês me derem, eu estou bem. Aí eles me deram a bolsa integral para eu representar a Faculdade e fui campeão das Américas, fui campeão Brasileiro!”. Outra situação, dita também numa primeira entrevista dada ao Oberekando anos atrás, era que lhe faltava, por ser só ele: “Eu embarcava aqui às 9 da noite e ia bater lá na Barra Funda (Rodoviária de SP), sozinho, com cadeira, com tudo, para eu me virar. Mas eu sabia que era um propósito que eu tinha, de levar o esporte paralimpico aqui da cidade”. Relembrou que teve várias oportunidades de ir embora da cidade, por convites que recebeu, e que iria ser remunerado por entidades para as representar, mas fez essa opção, de aqui ficar. Queria disputar os ParaJaps, por Telêmaco, mesmo que já tivesse disputado duas edições, por Londrina. Neste interim, citou que veio Bello e daí Silvana, e começou tudo! “Cada dia, aparece uma pessoa diferente, com uma deficiência diferente. Porque nós temos muitas (deficiência) intelectuais, não é Silvana? A maioria de nossos deficientes são intelectuais... poucos físicos, então, cada um, é um!”. Disse que foi questionado por uma líder de Londrina de como é que se consegue trabalhar com tantas pessoas, e ele respondeu que vai se trabalhando!
Silvana relatou, comentado pelo Site, o carinho do prefeito Márcio, pelas causas da pessoa com deficiência, e ao esporte, e ela disse que ele se empenha por amor, que ouve e dá liberdade que as demandas sejam atendidas: “Ele acredita no trabalho!”. Tanto Silvana, na condição de mulher, quanto também Dona Rita, como vice-prefeita, perguntado se isso é benéfico no sucesso do projeto, ela disse que sim, pelo acolher e aceitar: “A mãe acredita. A mulher acredita, acha que vai dar certo! Isso nos ajuda bastante também, e estimula”. Neste viés, lembrou-se também da única vereadora na Câmara, Elis, no que concerne ao diferencial da sensibilidade feminina com olhar diferenciado, à questões desta natureza.
Allan disse: “Vou mandar direto para quem é PCD (Pessoa Com Deficiência), vai pra rua! Pede ajuda! Tenha cara de pau! Não tenha vergonha! Não exija das pessoas que tenham com você, um comportamento que você não ensinou que elas têm que ter! É isso, e depois você começa com o trabalho e isso vai se tornando natural!”. Antes, falou, de forma impactante: “Eu não posso exigir de ninguém que saiba tratar as pessoas com deficiência, porque esse é o meu mundo. Então, eu não posso exigir muito das pessoas! A medida que eu vou apresentado o problema para as pessoas, ai eu vou começar a exigir que essa pessoa haja de forma correta”.
Silvana, ao se despedir, lembrou a frase “nada sobre nós, sem nós”, no sentido de que, continuem as autoridades, como têm feito, sempre os chamar quando a pauta for sobre eles, “pois é um ponto de vista, que a pessoa que não tem deficiência, não sabe”, e também, exaltando que sempre é atendida em suas demandas, em prol de seu trabalho, e que neste caso, essas, não são cobranças, e sim, fatos! ”As coisas têm avançado porque existe diálogo! É no diálogo e respeito que a gente cresce!”.
Quando a pauta é esta, ao Oberekando, é primordial, agradecimentos todos, ao nosso Medalha de Bronze, nas Para-Olimpíadas de Tóquio, Érick Tobera, que foi sempre, uma grande inspiração! Foi... Vírgula... porque Paris... vem ai! Desejamos tudo de melhor a Érick, e claro, aos nossos entrevistados!