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DONA MARIA TOMÉ: 87 ANOS E LIÇÃO DE VIDA
DONA MARIA TOMÉ: 87 ANOS E LIÇÃO DE VIDA

Batizada há 67 anos, optou pela viuvez desde os 30, e batalhou pelos dois filhos

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2019-04-01 às 08:20:02) Mais conhecida como Maria Tomé, a entrevistada no dia em que fazia 87 anos foi dona Maria Donária de Carvalho, que nasceu no dia 28 de março. Ela casou com 20 anos e aos 30 e com duas crianças – um casal – ficou viúva, e optou a não ter novo matrimônio, se devotando aos seus filhos: “Meus filhos são um pedacinho de meu coração! Como é que ficava, meu pai pobre e como eu ia cuidar das crianças? Eu tinha que trabalhar, cuidar das minhas plantas”, para das o sustento para eles. Ela morava no Mauá, município de Ortigueira.

 

18 MIL RÉIS: MANDOU FAZER O CAIXÃO E COMPROU UM LEITÃO

Quando seu esposo morreu, deixou a ela entre 18 a 20 mil réis: Esse dinheiro, no entanto, foi usado para o funeral dele, porque naquele tempo não existia caixão comercializado como hoje. Ela lembra que um irmão dela comprou a taboa, e ela ficou com o resto do dinheiro, que foi usado para comprar um leitãozinho para alimentar as pessoas que estiveram na “guarda”. Naquele tempo não se deixava pensão e ela lembra: “Nenhum centavo!”

 

ACONCHEGO DOS PAIS E HOJE, ACONCHEGO DOS FILHOS!

Ela morou um ano com o pai dela e a mudança ficou guardada no sótam, e isso, sem ela ver e saber. “Quando eu não estava em casa eles puxavam um pouco!”: Até que um dia ela encontra a mudança. Seu menino era pequenino e ainda estava querendo andar. Passado mais um tempo, foi encima e achou a mudança! Lembra que ele veio alegre: “Mamãe, olha aqui a nossa panela!” Ela no entanto, via a alegria das crianças, mas chorava, por lembrar que já teve ali sua casa e não a tinha mais. Na casa construída ao lado da de seu pai, foi crescendo e progredindo à custa do trabalho. Coração bondoso, fazia sua colheita, emprestava aos vizinhos e quando eles colhiam, a devolviam: “E assim foi. Os filhos cresceram e continuo vivendo até os dias de hoje!”. Ela cuidou do pai e mãe dela, até o fim da vida e hoje, também vive cercada dos seus filhos.

 

AS CRIANÇAS COBRAVAM A PRESENÇA DO PAI, QUE JÁ HAVIA MORRIDO!

Uma das maiores dificuldades que teve logo que seu esposo morreu, foi com as crianças, que não podiam ver “búia” *(barulho) de nada, pois logo gritavam que o papai delas estava vindo. “Iam correndo porque  o papai que está vindo, mas o papai tinha morrido!”.

Estas cenas duraram até sua iniciativa de falar à sua mãe que iria levar as crianças para mostrar, no cemitério, aonde estava o pai delas, e que ele não iria voltar mais: “Peguei eles e levei lá! Cortei uma flor para cada um deles, e levaram a flor”. Recorda ela: “Foram correndo adiante de mim!”. No caminho tinha um homem que possuía um bananal e tinha-se também bastante abacaxi. Ficaram alegres com as frutas, mas chegando ao cemitério, perguntaram a mãe de que ela disse que o papai lá estava: “Escute aqui, meus filhos... o papai já dormiu no Senhor! Ele não está mais nesse mundo. Ele está enterrado nessa terra! Daqui ele vai sair, com o som da trombeta, quando o Senhor vier buscar o povo dele!”. A partir daí eles nunca mais chamaram pelo pai, mas queriam de vez em quando, ver onde o pai estava: “Eles queriam ir lá sempre (no Cemitério)!”.

Hoje e sempre, como eles querem bem a mãe e sempre alguém está ao seu lado.

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Na foto acima, ela com uma das filhas, e com a neta Noemi Obata, que é proprietária da Loja CENTER MODAS, que é uma das apoiadoras do Site Oberekando.

 

3 CAVALINHOS

As éguas Pitiça, a Turguia e um cavalinho vermelho, “que era da filha”, eram seus animais. Ela lembra que o irmão dela vendeu os cavalos e comprou para ela um casal de porcos. Essa decisão era porque necessitaria fazer sabão, comer banha e carne. “E os porcos aumentaram bastante!”.

Outro momento com seus cavalinhos é que em um deles, saia vender roupas. Deixava as crianças com a mãe e pegava roupa de seu irmão. Perguntada se era uma boa vendedora, respondeu feliz: “Eu vendia bem, e recebia bem também! Graças a Deus que vendia... Tive muita sorte!”

 

NOVOS TEMPOS E A GRATIDÃO PELO BATISMO

Ela vê que o tempo e os costumes mudaram muito, mas está tão feliz, por ver seus bisnetos, um deles já com 22 anos. Ao ser perguntada, disse que a vida da juventude está muito difícil: “Eu fico doente quando vejo que eles sofrem, porque eu não fui criada desse jeito!”.  Quanto ao excesso de palavrões, usado pela garotada, disse que seus filhos foram ensinados a não falar e assim tentam ensinar suas gerações. “Mas eu dou tudo, graças ao meu Deus, que teve misericórdia de mim! Me deu vida pra mim! Eu pedia muita vida para eu criar meus filhos!”. Foi a vida toda evangélica e desde os 20 anos, congrega na Congregação Cristã do Brasil: “Espero que Deus vá me levar ali, até o último dia, firme na fé!”. Disse que jamais se esquecerá o dia de seu Batismo, quando submergiu nas Águas. Essa foi sua maior alegria, “de saber que sou uma serva de Deus! To esperando, a volta do Senhor!”.

 

TRABALHO DE PORCENTAGEM NA FAZENDA E DONO QUE A APOSENTOU!

Depois que seus pais estavam velhinhos, ela foi trabalhar de porcentagem numa fazenda para ajudar eles, que era no Natinguí. Do arroz, feijão, e milho plantados, ganhava sua porcentagem sempre pagos corretamente. Após seis anos de lealdade entre patrão e a empregada, eis que ele chega e faz uma brincadeira, mas amorosa com ela: “Dona Maria, agora a senhora vai ficar triste!” Ela pergunta a ele o que vai acontecer: “Agora eu vou ficar aqui na fazenda, uma semana, para eu aposentar a senhora!”. Ele cuidou para que ela, depois de tanto tempo, tivesse seu dinheirinho e não sofresse tanto! Ele chamava-se Jonas, de Natinguí.

Como a família era grande, o pai dela trabalhava na roçada quando optou por pagar estudo aos filhos mais velhos que a entrevistada.

Para finalizar a entrevista, pedida uma mensagem, disse aos jovens que estes devem se lembrar que existe uma alma a se prestar conta, e por isso, servir à Deus. Para os casados, por vezes desesperados e achando que seus problemas não têm saída: “Tem saída! Aqueles que confiam no Senhor não perecem! É só ter fé no Senhor, que tem a saída!”.