Uma homenagem a ela, que completará 30 anos apenas na Presidente Vargas, como a Tia do Lanche
2020-03-08 às 01:24:24) No Dia Internacional da Mulher, uma homenagem a uma profissional, que não se destaca por ser somente a mais nobre essência desta comemoração, que são as mães! Sim, ela é mãe, no seu ofício de centenas e milhares de alunos: Daqui a um mês e alguns dias, Dona Inês Berger de Oliveira, que é merendeira no Colégio Presidente Vargas (CEPV), completará somente na famosa “Escola Presidente Vargas”, 30 anos de serviço, dedicação e muito amor. Ela nasceu em Ipiranga.
“A gente é a tia da escola, é lembrada em todo lugar”, e quando menos se espera, alguém fala para ela: “a tia da escola. Ainda faz lanche, ainda está lá? Estou sim, cuidando dos pequeninos lá!”. Ela completará 65 anos, e iniciou no CPV em 18 de abril de 1990.
O fato de exercer sua função ao lado, tanto das crianças, como companheiros de trabalho, traz muitas alegrias e é um renovar energias. Isso não significa que não se tenham muitas ocupações: “Sempre vem um e conta uma história, vem outro, conta outra história, vem um pede um conselho, vem outro e conta história da casa dele, da mãe dele, do pai, dos irmãos, dos amigos. Então você fica muito íntimo desse povinho (termo falado com carinho!). Só posso dizer que neste tempo de trabalho, tive muitas alegrias e muita gratidão por parte dos alunos, professores, funcionários”.
A TIA DO LANCHE: CONSELHEIRA E AMIGA
Dona Inês confessou, a nosso pedido, que foram inúmeras vezes que alunos ao passarem por situações em que tiveram algum problema onde ficaram nervosos, bravos, foi ela que serviu de conselheira, e ainda hoje, faz o chazinho para acalmar aos pupilos, quando necessário, e mesmo quando por algum fato, relacionado à saúde, não se sentem tão bem: “Você pode dar uma água com açúcar, mas para eles é um remédio!”.
Perguntado de momentos que muito marcaram sua carreira, dentre eles, e por várias vezes, alunos que disseram que não gostavam de tal alimento (merenda), mas que na verdade, esses nem tinham comido para se chegar a essa conclusão. Ela pedia para a criança experimentar e muitas delas a agradeciam, porque em sua casa, até então, o estudante não comia tal comida: “Até minha família toda começou a comer isso, que antes a gente achava que era ruim!”, declararam alguns. Outra estratégia também que ela usa, é comentar de onde se originou tal alimento, quando questionada por crianças, e nisso, ajuda o fato de seus pais terem sido sitiantes.
O ALUNO QUE VIROU MERENDEIRO
Marcou a ela, um aluno que, parece do noturno e já tido encerrado o Ensino Médio, passou no concurso na Prefeitura, para cozinha: “A tia, eu passei no concurso... só tem uma coisa, é que agora tem o teste prático. Como que a senhora tempera as coisas? Como a senhora faz as coisas? Ai eu passei as normas direitinho. Tempinho depois ele me encontrou e disse que tinha passado. Estou esperando me chamarem para trabalhar”.
Uma outra confidência que vem de alguns alunos, mas como forma de cativar a querida tia: “Olha, tia, eu estou terminando o segundo grau, mas é só pela sua comida, viu!”. Outra situação, com o período da tarde, foi um aluno que a elogiou, de que a comida que ela preparava era muito boa. Mais que depressa um amigo dele questionou: “Nossa, você não gosta nem da comida de sua mãe? Minha mãe cozinha, mas a tia cozinha melhor!”.
Uma situação normal nas ruas e avenidas, é encontrar os atuais e também ex-alunos de muitos anos, a chamando de tia quando com ela se deparam. Ai vão eles explicar aos pais, que se trata da tia que tão carinhosamente faz o lanche.
DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES
Inês, quanto pedida sua opinião quanto ao papel da mulher em nossa sociedade, disse ser muito importante: “Porque ela é mulher, ela é mãe, é esposa, funcionária, motorista, ela é tudo, ela é tudo, né? A mulher tem uma força imensa, que ela não calcula ter. Até eu estava lendo uma mensagem ontem (durante a semana), que a mulher é o símbolo do poder e da determinação. Então por isso ela merece muito carinho, amor, e dedicação. Feliz dia das mulheres a todas!”.
VENCEDORA: Quando iniciou seu trabalho no Estado, não tinha o Ensino Fundamental. Apesar da mãe dela ser professora, e quisesse que ela estudasse, ela chegou a estudar em colégio interno. Precisou trabalhar, depois casou. Depois ela aproveitou as ofertas, do plano de carreira, fez o Ensino Fundamental, o Médio, um técnico, graduação, e pós-graduação.
BONDADE E COMPAIXÃO COMO ESSÊNCIA: A mãe dela, lecionava em escola de sítio, as chamadas escolas isoladas, e era sala primária multi-seriada. Inês é uma das sete filhas, onde a família se completava com mais três irmãos. Ela via sua mãe caminhar doze quilômetros para dar aula: “Minha mãe era professora, era mãe, amiga, cozinheira, era tudo. Por isso que eu digo que eu aprendi isso com ela, de ser lutadora, e de conquistas”.
Lembra que sua mãe tinha alguns alunos bastante pobres e humildes, e que tinha que dar banho neles, e trocar a roupa, por vezes. Na época dos exames, no final de ano, em que vinha a diretora geral, partia da matriarca, comprar com seu próprio dinheiro, tecido, e fazer os guarda-pós para os mais necessitados: “A gente sempre viu os pais da gente, trabalharem em fazer o bem aos outros”.
O pai dela, agricultor, sempre tinha de 10 a 15 funcionários, e as irmãs, incluindo ela, eram quem cozinhavam para o pessoal. Ela já fazia no passado, o que hoje a levará a merecida aposentadoria: “Mas hoje é interessante, que eu encontro aqueles que ela dava aula, e eles tem um carinho pela minha mãe. Sempre falam que se não fosse a dona Rosa ser nossa professora, nossa mãe, nós não seríamos o que somos hoje”. Hoje essa história se repete com ela aqui em Telêmaco. Num estabelecimento comercial tempos desses, um rapaz (ex-aluno do Presidente) a perguntou se ela continuava na Presidente, e soltou: “Você lembra de mim? Eu era bem peralta, né tia?”
NO PASSADO, ALUNOS TRAZIAM MISTURA PARA MERENDA: Quando ainda no início, antes da Presidente, ela trabalhou na escola da Vila Esperança e ainda existia um velho sistema (a muitos anos atrás), onde eram solicitados aos alunos, complementos para deixar a “sopa” ainda mais gostosa: Legumes, verduras, até arroz, enfim. Ali se tinha que ser meio mágica para fazer as combinações de alimentos, pois o que eles traziam, eles queriam ver que fora usado, e queriam comer.
CIÚMES NOS FILHOS: Quando começou a trabalhar nesta área, os filhos de nossa entrevistada, Ângela Márcia e Israel Levi, não conheciam deste costume dos alunos chamarem estas profissionais de tia, e veio um clamor: “Nossa, mas todo mundo fica chamando você de tia, mãe?”. Principalmente por parte do filho, que presenciou mais isto, por ser mais novo.
GRATIDÃO DE DONA INÊS: Ela agradeceu a eles, por sempre entenderem o seu trabalho: “São filhos ótimos! Eles admiram minha história. Acham que tem em mim, uma referência enorme, de mãe. Queria agradecer por Deus me dar eles como filhos, e dizer que os amo muito. Eles são pessoas especiais na minha vida. Tanto do meu sucesso, como o de correr atrás, que foi por eles!”.
Claro que tal carinho, e de forma muito especial, foi também dedicado na entrevista, ao esposo Elifas Levi: “Agradecer pelo carinho que ele tem comigo, devido a trabalhar fora, e pela ajuda que ele me dá sempre em todo trabalho, e pelo companheiro especial que ele é e que Deus me deu, pra gente viver juntos”.
Todos os diretores foram lembrados por ela, que rendeu agradecimentos a eles, e neste momento, à Maria Aparecida Gomes, que é a titular principal do CEPV.
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ANIVERSÁRIO DA PRESIDENTE VARGAS FOI NA QUARTA: 45 ANOS
(fotos: Arquivo CEPV)
Primeira turma da Escola Presidente Vargas (Unidade Polo)
O Colégio Estadual Presidente Vargas - Ensino Fundamental e Médio foi inaugurado em 04 de março de 1975, com o nome de Unidade Polo de Telêmaco Borba. Nesta última quarta-feira, 45 anos de história.
Hoje, a direção desta instituição é da professora Maria Aparecida Gomes. O CEPV marcou em uma época de poucos estabelecimentos de ensino na cidade, e que era um duro páreo junto com Wolff Klabin e Manoel Ribas, na preferência de alunos por nela (relutantemente ainda chamada pelos mais velhos, como Escola Presidente Vargas) entrar.
Há uma grande relação de amor dos ex-alunos, sobretudo, com essa Instituição, e que esses, almejam que isso tenha continuidade, pelos atuais estudantes.
Recentemente, de tantas bonitas histórias e fatos, uma, real, quando com a coleta de material reciclável, por iniciativa da professora Maria, e especialmente, empenho dos estudantes, o Colégio conseguiu e toda semana tem assim o feito, muitos produtos como verduras, frutas e legumes, pelo projeto Feira do Bem, e que acaba por ajudar na merenda escolar. A ação foi muito elogiada em rede social.
Além da diretora Maria, todas as homenagens aos demais professores e funcionários, através da pedagoga, professora Liliane Wilczek
“COMO ALUNO QUE FUI, EU QUE AQUI ESCREVO ESTA MATÉRIA, DA TURMA DE 1981, SOU SUSPEITO, MAS TODA MINHA GRATIDÃO A ESSA ESCOLA, E A TODOS QUE A FIZERAM CHEGAR ATÉ AQUI, COMO UMA GRANDE REFERÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PESSOAS DO BEM”
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