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CLÍNICA EQUILÍBRIO, DE TB, E A PROTETIZAÇÃO
CLÍNICA EQUILÍBRIO, DE TB, E A PROTETIZAÇÃO

Dr. João abriu parceria com a Catarin, de Curitiba

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23/05/25 às 16:41:05) O fisioterapeuta, Dr. João Alberto de Oliveira, diretor da Clínica Equilíbrio, de Telêmaco, falou ao Oberekando, juntamente com a equipe de diretores do Centro de Atendimento Amplo em Reabilitação e Inovação, a Catarin, de Curitiba, Dra. Lílian Souza Alves, e Luciano Elias Alves, bem como com Rafael Bueno Irassoque, que é colaborador da Catarin, e os já conhecidos Telêmaco-borbenses, Rodrigo Justus de Oliveira, e Marcos Alves Camilo. Na pauta, a parceria que vem sendo costurada para o atendimento de próteses, na cidade e região.

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Explicou o anfitrião, João Alberto, que a Catarin é uma empresa de protetização, “e a gente está trazendo para Telêmaco mais este nicho na reabilitação, pois antes, aqui, ouvia-se muito pouco, ou não se ouvia falar. Estamos trazendo isto, para mais conforto e comodidade da população”.  

Dra. Lílian (49), enaltecendo os 30 anos de atuação da empresa, ano que vem, disse da parceria de 16 anos já estabelecida com uma clínica de Ponta Grossa, “e até então não tínhamos pensado em estar em outro local, foi quando recebemos o convite de João, da Clínica Equilíbrio. E nós nos perguntamos, ‘por que não?’. Como é uma clínica séria de fisioterapia, que faz um trabalho conforme a gente acredita ser necessário para um amputado, para uma reabilitação, o porque não ir lá para ver a necessidade da região, a necessidade dos pacientes, e desenvolver um trabalho sério e juntamente com João, desenvolver o protocolo, desta maneira?”.

Uma das razões desta boa nova da Equilíbrio, antes citada por João, fora o fato do paciente estar na cidade, estar com a família, no desenvolvimento de seu tratamento. Esta linha de raciocínio foi corroborada por Lílian: “A própria amputação é o pior momento da vida dela (da pessoa), e ainda ela tem que ficar um tempo, vamos falar da clínica de Curitiba! Têm pessoas que têm disponibilidade, que tem uma família que pode fazer isto, e têm pessoas que não têm essa disponibilidade. E aí, não reabilita? Não protetiza? O nosso bate-papo antes, e foi um prazer enorme... eu achei fantástico, e estar conhecendo o Camilo e o Rodrigo, é saber que a vida pode ser transformada muito além! Porque é uma fatalidade aquele momento, sim! É o pior momento da vida? Sim! Mas tem como transformar! Mas como que transforma? Uma, querendo transformar, é o primeiro passo, e outra é tendo pessoas capacitadas, que possam nos trazer as orientações, os direcionamentos, para que se torne, ‘se é que possa dizer’, mais leve, mais fácil, um momento conturbado que tem que tentar trazer a alegria, o sorriso, que o Camilo falou, e o que o Rafa falou hoje na rádio (Antes da entrevista ao Oberekando eles estiveram na rádio), trazer Deus pra vida dele, alegria, e agradecimento por estar vivo, e eu acho que isso é o que move... estar na mão de profissionais que possam direcionar e dizer qual o próximo passo, o que eu posso mais? E essa é a nossa intenção!”.

Luciano (53), que é também protezista e ortesista na empresa, por sua vez, disse: “A gente trabalha na área de órteses e próteses para o paciente, para que ele possa ter uma vida mais ativa e o mais leve possível para voltar o mais breve possível à atividade que ele exercia anteriormente”. Explicou ele, que o ato, não é tão somente colocar a prótese, e sim, antes, a aplicação de treinamento de adaptação, um período de adaptação para que realmente ele tenha esse desenvolvimento para a vida dele, como ele tem hoje”, citando como exemplo, Rafa, que é protetizado.

O retrospecto de Lílian vem alicerçado de berço, pois seu pai é protezista. Quando criança, ela era amiga de escola de duas coleguinhas que tiveram pólio, e via seu empenho em tentar ajudá-las com os equipamentos, e ai, ao chegar na Graduação, foi certa já, que era Fisioterapia! “Eu vi nessa época, que era calejar para fazer parar de doer, era sangrar para fazer o calo, era sangrar para fazer o calo para fazer a prótese”. Vivenciou situações de pessoas que usavam dois dias a prótese, e cinco não usavam! “Eu passei por todo esse processo. Estou aqui e posso falar com propriedade que vivi toda essa metamorfose, da tecnologia, e que Deus abençoe que continue evoluindo sempre. Estou vendo uma tecnologia aqui na frente (cadeira motorizada de Camilo), estou muito feliz com isso! Por que eu falei tudo isso? Porque hoje não tem mais o calejar! Hoje não precisa mais sangrar! Hoje não precisa mais ser com dor! Ah, não vou sentir nada? Não! A coxa não é calcanhar! A panturrilha não é calcanhar! O corpo precisa acostumar com um encaixe que nunca teve!”. Um ponto muito interessante e de franqueza, que mostra a seriedade do seu trabalho foi quando ela disse: “Quando as pessoas falam... vai ser fácil... vai tirar isso de letra! Não, não vai ser fácil! Não precisa ser tonelada, não precisa ser pedra, mas não é fácil! É o momento mais difícil da vida! Por que? Vai ter revolta, vai ter luto, vai ter negação, vão ter as fases! E sabe as pessoas que mais me preocupam? São as que não externalizam isso no momento... essas me chamam muito a atenção! Por que? Porque tá ali... aquilo é um ser humano! Vai chegar uma hora da vida que isto vai se mostrar! E eu sempre falo que isso aconteça nas primeiras fases, enquanto está aqui dentro da clínica, enquanto tenha alguém profissional que saiba acolher e dizer ‘olha, tá difícil hoje meu amigo, mas tem um processo, vamos caminhar! Estou aqui com você! Se todo mundo conseguiu eu estou aqui com você pra te auxiliar’, do que falar que tudo é fácil, e na primeira dificuldade você falar ‘mas como é fácil? Não é tão fácil!’”.

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AS EXPERIÊNCIAS DE RODRIGO E CAMILO

Rodrigo disse de sua experiência. Ele é cadeirante há 9 anos, e já nasceu com mielo-microcefalia.

Marcos Alves Camilo disse que é freguês de João, e vive ali, precisando de reabilitação de ombro, cotovelo, “e sempre quebrado, porque o esporte de alto-rendimento não tem nada a ver com saúde. A gente está sempre com uma lesão aqui, e outra ali, e tal!”.

Ambos fazem parte do Nadepar (Núcleo de Atividades de Desenvolvimento do Paradesporto), e da

Associação das Pessoas com Deficiência de Telêmaco Borba (Atitude), e do Centro de Referência Paralímpico de Telêmaco Borba (CPD).

 

PERFIL:

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RODRIGO: Técnico em Informática, teve 2 medalhas de Prata nas provas de Lançamento de Disco e Dardo no Meeting Paralímpico Loterias Caixa.

CAMILO: Campeão Panamericano no Arremesso, e teve duas Medalhas de Ouro no Meeting Paraolímpico Loterias Caixa. Nessa semana, foram mais 3 Medalhas de Ouro nos Jogos Paraolímpicos Paranaense. Ele é formado em Educação Física e técnico em Segurança do Trabalho

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Rafael, que após ser paciente atendido pela Catarin, hoje é recepcionista da mesma, disse: “Eu estou muito agradecido por ter conhecido a clínica, e tido esta oportunidade, porque na verdade quando a gente se vê nessa condição de amputação, é um choque total! A vida vira de cabeça pra baixo e você já não se imagina fazendo as coisas que você fazia antigamente. E você protetizar pra mim, é liberdade! É esperança de você voltar pra vida... voltar pra naturalidade da minha vida! Voltar para as atividades que eu fazia! Talvez não da mesma forma que eu fazia, mas eu me sinto capaz da mesma forma!”. Fazem três anos que ele é amputado. Protetizado, em agosto dois anos se completarão! Quando ele isso falou, Dr. João fez questão de observar o período entre o fato, e sua protetização, ou seja, o período de preparação e adaptação, de um ano! Uma reflexão feita, novamente por Rafael, fora de que, ao invés de escolher aquela prótese ‘top, e almejada’, o mais importante era adaptar-se a uma prótese, independente qual fosse no sentido visual ou estilo, mas que o possibilitasse a volta ao trabalho e à vida cotidiana, ao tardar ainda mais o início de adaptação e recuperação.

Dr. João se formou fazem 15 anos, e clinicando está há 14! Destacou ele que o que chama a atenção quando se trata de pacientes, é o apego deles ao número de sessões que farão, e quando acontecerão os resultados finais, mas esclareceu ele, que a fisioterapia tem início, meio e fim... é um ciclo. Alerta que pausar sessões é um regredir enorme, quando se fala em não as fazê-la!

Pela Equilíbrio, ele falou da importância de facilitar ao paciente predisposto à protetizar, não mais precisar dos deslocamentos hoje necessários, e que todo o processo de medição para isto, pode ser feito em Telêmaco, e é este um dos objetivos que trará para a Capital do Papel, e todas as cidades vizinhas, aliviar a vida das pessoas que têm amputação, e almejam por protetização: “Então a gente vai ter aqui, tanto o trabalho pré, o pós, quanto a confecção da prótese, junto com a Catarin, a Lilian e o Luciano”.

A Clínica Equilíbrio se localiza à Avenida Presidente Kennedy, 947, em frente à Escola Leopoldo Mercer.

A entrevista foi encerrada abordando um tema, que para leigos, não conhecedores da terminologia luto, gera estranheza, quando se fala de pessoas com deficiência (PCD´s), e que diz respeito ao período de aceitação da atual condição, isso, tanto quando ao paciente, como em outros segmentos da área médica, o luto, por parte dos familiares. Este termo, por exemplo, foi discutido anteriormente no Oberekando, quando na entrevista com Silvana Dias e o esposo, Allan, e o próprio Camilo. (CLIQUE AQUI, E RELEMBRE). Refletiu a Dra. Lílian: “Como que eu vou aceitar que eu não vou mais andar? Como que eu vou aceitar que eu perdi a minha perna? Aceitar, eu sempre falo, não é concordar! Aceitar é a minha condição hoje que é essa, e o que eu posso viver? Eu posso reabilitar e colocar uma prótese e a prótese vai somar em minha vida! Vai trazer à mim, condições de eu voltar a ter qualidade de vida, ou o lesado medular, eu preciso descobrir agora, que as minhas pernas são os meus braços, e isso não vai parar a minha vida! Existe o processo de luto!”. Falou que tudo que é muito impactante, não precisa necessariamente ser uma amputação; precisa passar por um processo, e ter isso transformado.

O proprietário da Equilíbrio fez questão de frisar que ter a presença de Rodrigo e Camilo, foi trazer aos profissionais da Catarin, o diferencial que tem sido a ambos, e o que está sendo capitalizado aos mesmos, a participação na associação de paradesportos, “que é muito fantástico”, bem como a mobilização do público PCD para a entidade, “trazendo para eles mais autonomia, pelo esporte, em busca de uma modalidade, e trazer esta independência”.  Concluiu Dra. Lílian: “Acho que o trabalho deles, é uma continuação do nosso trabalho”, referindo-se à Rodrigo e Camilo.

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NOS 9 ANOS, O NADEPAR, SILVANA, ALLAN E CAMILO. A temática voltada às pessoas com deficiências, é integrante do Oberekando

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