ONLINE
173




Partilhe esta Página

ACITEL

s

sr

AWEF

ds


AUTISMO EM PAUTA, COM ARIANE GURALH
AUTISMO EM PAUTA, COM ARIANE GURALH

--

ARTIGO, DIA 14 DE JULHO DE 2022, 12:51:55)

A Deficiência que não causa sentimento de Pena em ninguém

Às vezes, fico me perguntando porque eu sou hostilizada quando tento ter acesso a algum direito que tenho como pessoa com deficiência.

Quando estou com meus filhos, a situação é diferente, a maioria das pessoas ainda é gentil quando vê o cordão de girassol no pescoço deles ou quando comento sobre o autismo, mas quando falo que também sou autista, parece que se negam a processar a informação ou mudam o comportamento comigo, começam a falar devagar e ficam perguntando se eu estou entendendo o que estão falando.

Foi então que cheguei a conclusão de que para ser considerada PcD aos olhos da população em geral e para que os outros tenham empatia conosco, temos que, infelizmente, causar pena nas pessoas!

"Tadinha dela, deixa atender antes porque não consegue andar! Coitado do menino, passa na minha frente porque está numa cadeira de rodas."

No meu caso, que tenho uma deficiência invisível a qual não "consegue" causar pena nas pessoas num primeiro olhar, o tratamento é diferente, o julgamento é maior, o descaso é frequente.

Infelizmente, enquanto a sociedade continuar com essa visão de que deficiência só é deficiência e só deve ser respeitada se causar pena, a coisas vão continuar de mal a pior!

Nós, PcD, não precisamos de comoção ou dó. Queremos apenas o respeito que todo ser humano merece e de algumas bocas caladas que geralmente falam o que não sabem.

--

ARTIGO, DIA 14 DE JULHO DE 2022, ÀS 08:39:51)

Adultos autistas "leves" e a falta de identidade

Por muitos anos, nos manuais diagnósticos, havia apenas a classificação para autismo infantil. Porém, com o avanço dos estudos e a descoberta de que a causa do autismo é majoritariamente genética e que o transtorno não acaba na infância, mas do contrário, já se nasce autista e a condição irá perdurar até a morte do indivíduo, alguns adultos, que passaram a vida toda sem identidade, começaram a "descobrir" que também estão no espectro, porém foram negligenciados a vida toda em suas dificuldades.

Esses adultos, em geral, são pessoas que têm dificuldade em manter relacionamentos, são muito inflexíveis, metódicos, possuem alguns rituais e manias, são super sinceros, o que pode soar como grosseria, na maioria das vezes. Só aceitam fazer as coisas da sua maneira e sempre do mesmo jeito. Sofrem de insônia, muitas vezes, apresentam distúrbios alimentares e alguns quadros de seletividade alimentar.

Todos esses comportamentos os tornam pessoas "difíceis" de lidar e de conviver e esse sentimento de não pertencimento pode desencadear outras condições como depressão, ansiedade e a maioria relata já ter até pensado em suicídio, alguma vez na vida, devido a falta de compreensão de si mesmo e das outras pessoas.

Portanto, mesmo que o adulto autista tenha adquirido sua independência financeira, constituído família e até uma carreira solidificada, mas identifique alguns desses sinais citados acima, faz-se necessário a busca do diagnóstico, mesmo que tardio, para melhorar a qualidade de vida desse adulto ou idoso.

O diagnóstico de autismo na vida adulta não é fim, mas sim o começo de uma vida cheia de novas possibilidades e autoconhecimento.

--

ARTIGO DIA 2022-06-04 às 12:20:27)

Nem sempre tive orgulho em ser quem sou!


Na verdade, passei a maior parte da minha vida sem saber quem eu era!

Portanto, contentava-me com comentários a meu respeito de quão inflexível, perfeccionista, estúpida, explosiva e enjoada eu era.

Algumas vezes, pensava comigo mesma: "Não é possível, meu Deus, que só enxergam coisas ruins a meu respeito! Será que sou tão horrível assim?"

E, nesse dilema, mascarei-me, diversas vezes, para ser aceita por familiares, amigos e colegas. Porém, o preço era muito alto a se pagar para esconder minha essência e me levava a uma enorme exaustão.

Algumas vezes, confesso, que pensei até em morrer, pois não entendia o porquê de ser tão diferente dos demais!

Até que Deus me deu a oportunidade de me enxergar em meus filhos e, finalmente, descobrir que minhas
"crises, frescuras e meu jeito metódico de ser" tinha nome: Autismo!

Confesso que a autoaceitação não foi fácil, além do julgamento da sociedade que ainda insiste para eu provar minhas "incapacidades" para "merecer carregar" o título de autista!

Por outro lado, o diagnóstico tardio foi libertador, encorajador e decisivo para minha qualidade de vida! Hoje, não quero mais testar meus limites para agradar os outros, nem parecer neurotipica!

O que eu quero, de verdade, é gritar para todo mundo ouvir:

"Sim, tenho orgulho de ser assim e que se dane quem nos julga por aparência. Não tenho mais necessidade de provar nada a ninguém, além de mim mesma, que sou uma mulher e mãe neurodiversa maravilhosa!"

"...Tira a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro jeito de ser

Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer consciente inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança

O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja... AUTISTA" (grifo meu)

(Trecho música Máscara / Pitty)

Ariane Camila Guralh da Silva
Autista e mãe de três Autistas
Pós Graduada em ABA
Conselheira Estadual do Paraná da ONDA-Autismo

--

LEIA TAMBÉM:

ARIANE GURALH, SEUS TRÊS FILHOS E O AUTISMO. Conselheira da Onda em TB e sua opção pela maternidade

  • Todos os meses, a cooperação de Ariane, com novo artigo! O Site Oberekando se enobrece com tamanha contribuição!
  • Conforme acordado entre o Oberekando e a colunista, suas colaborações em escrito, serão voluntárias, e de forma gratuita a este Site, e que muito soma a este jornalismo online!