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ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS – UM GRITO NO SILÊNCIO
ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS – UM GRITO NO SILÊNCIO

Guerreiros incansáveis lutam pelos filhos e por si. o vice-presidente tem esta deficiência!

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2019-10-08 às 15:38:53) Nas dependências da Casa da Cultura, uma conversa com membros da Mesa Diretora da recém formada Associação dos Surdos – Um Grito no Silêncio (ASGSTB) no meio do dia de ontem. Estiveram a presidente, Sandra Aparecida Oliveira da Silva(43), seu vice, Jailson Ferreira Marins (34), a segunda secretária, Jacqueline Dias Siqueira (31) e também Neuli da Luz Cordeiro de Souza (52), professora e interprete de Libras, que é do Conselho Fiscal.

“A Associação veio para fazer a inclusão de nossos amigos surdos no mercado de trabalho e também para incluir eles na sociedade”. Ela disse que quem tem deficiência auditiva não é ouvido, pelas dificuldades de comunicação. A falta de escolas com Libras, números de professores ainda não suficiente e a maioria da população não conhecer libras, são as grandes dificuldades. Sandra que tem um filho de três anos e conhece muito pouco da Linguagem Brasileira de Sinais, está começando a estuda-la, com ele. Disse que as vezes se pergunta “onde estão os direitos dos surdos? Cadê a comunicação dos surdos em Telêmaco Borba?... O reconhecimento dos surdos, que até então não temos!”.

Conforme ela e Jacqueline, são entre 70 e 80 pessoas surdas no município.

Jailson, que inclusive é surdo, expressou-se através de Neuli, “que a Associação veio para que seja visto primeiro a questão de trabalho, de interprete para comunicação, das escolas e que a Associação tenha um lugar próprio (sede) e cursos para famílias que têm filhos surdos. A família dele é formada de quatro pessoas e apenas ele tem a deficiência.

Neuli, como mãe de filhos surdos, disse que teve muito incentivo de pessoas, para que lá no passado, há uns 20 anos atrás mais ou menos, voltasse a estudar. Atualmente ela estuda junto com o filho dela. Fez o Ensino Médio com ele, “e continuei, fazendo Magistério, Pedagogia, atualmente faço Letras Libras e estamos ai! Então, por conta dos meus filhos surdos, eu consigo tanto ajudar eles, e os outros surdos sempre estão precisando de mim, e eu sempre procuro fazer o melhor que eu posso!”.

Jacqueline tem uma filha 12 anos, e com surdez, que tem implante coclear. “Muitas pessoas ainda não conhecem, mas é um aparelho interno, que possibilita a criança de ouvir, mas é uma bem difícil situação”. O objetivo, ao ser convidada por Sandra, é acolher aos surdos e o que a surpreendeu, foi o grande número deles na cidade: “A dificuldade da comunicação em Libras é muito grande, e as famílias não têm comunicação em casa, com os próprios filhos”, lamenta ela. Jacqueline é oralizada e a filha dela tem o curso básico, mas, ela quer buscar mais, seja para ajudar na Associação em sí, como também, sua própria filha.

A secretária disse que é pretensão deles, ofertar cursos para que as famílias tenham mais facilidade em se comunicar com seus filhos. Nas instituições existem os cursos, mas são pagos, e quer-se procurar pessoas voluntárias, principalmente para as famílias e para que os surdos sejam melhores inseridos na sociedade.

 

LUTAS E DISCRIMINAÇÃO: MAIORES DIFICULDADES!

Solicitou-se a cada entrevistado, que fossem descritas as maiores dificuldades enfrentadas no dia a dia, seja o vice-presidente que é o portador, ou dos demais, pelos seus filhos.

SANDRA: Uma situação de amor, assim como dos demais, e que merece destaque, é que no caso da presidente. Ela adotou o seu filho com um dia de nascido. Tendo duas filhas, uma atualmente de 17 e outra de 25 anos, percebeu algo diferente pela não resposta do bebê em uma casa que se tinham adolescente e jovem, onde é normal barulho. Após várias consultas e exames, em Ponta Grossa, quando a ela foi dado o diagnóstico, “caiu o teto em minha cabeça!”, recorda-se.

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Muitas perguntas, como a forma de inseri-lo na sociedade ou escolas específicas! Seu menino usou aparelho, e fez o implante coclear, cuja ativação do aparelho fora em 24 de maio, mas a previsão para que ele fale é de um ano: “Eu sei o que ele quer, mas eu não consigo passar aquilo que eu quero que ele aprenda!”. Com gratidão, disse: “Por Deus, eu conheci a Neoli e os demais da Associação!”.

ASSOCIAÇÃO JÁ EXISTIA MAS NÃO TEVE APOIO EM MASSA: Neste momento, a atual presidente confidencia que Neoli tem um livro ata, que consta o início da Associação em 1999. Desde lá, informou Sandra, ela lutou, e não teve o apoio necessário.

Humilde, a professora disse que até é compreensível e perdoável o fato de não se ter tido o respaldo na primeira tentativa da Associação, quase 20 anos atrás, devido às pessoas terem pouco conhecimento a respeito da surdez. “Até no passado quando eu tentei a Associação, eu também não tinha conhecimento aonde eu poderia buscar. E aonde eu fui pedir ajuda, e que poderiam, aí me negaram e aí eu desisti!”

JAILSON: “Às vezes eu me sinto um pouco discriminado, na loja, não é! As pessoas sabem pouco se comunicar. Mas eu sempre estou junto com minha mãe. Minha mãe me ajuda nas lojas, nas compras. Quando precisa ligar, ou algumas coisas. Quando eu vou no Banco, também. As pessoas têm respeito, mas tem que estar junto. Quando eu vou no médico é normal! Só algumas pessoas! Não são tantas pessoas que fazem discriminação... pelo menos comigo!”.

Perguntou este jornalista, via intérprete, se as pessoas têm muito dó deles, ao invés de respeito, e ele citou que estava vendo uma discussão na Internet, onde uma secretária falava que não se pode falar de dó do surdo! E ele, conforme a professora Neuli, agradeceu por isso!

PROFESSORA NEULI: Quando ela descobriu a surdez de seu filho, hoje com idade de 33, ele tinha 1 ano e 11 meses. Naquele tempo tudo era mais difícil e ela até tentou o aparelho, mas ele não conseguiu se adaptar. Quando da época dos filhos dela, tanto o rapaz, quando também a moça, era apenas permitido usar a oralidade e proibido Libras. Isso até, retroagindo aqui ao tempo, o nascimento de sua filha, quando ele estava com 11 pra 12 anos.

HOJE KARILE ... EXATAMENTE HOJE, DIA 08, COMPLETA 24 ANOS! (PARABÉNS).

A filha dela chega e também o auxílio da igreja católica, que a mãe (Neuli) tem muita gratidão, pois proporcionou formas de viagens para que se dessem capacitações, e no caso, para a formação que ela tem hoje, além de servir na Pastoral do Surdo da paróquia e ter ganho mais experiência: “Tive pessoas que me ajudaram, então sou grata a isso!”.

Ela pôde ajudar o filho no curso do Senai, e foi intérprete da filha no curso de Pedagogia. “E agora, juntos, nós três, estamos fazendo o curso de Letras Libras, também!”.

JACQUELINE: Minha filha tem 12 anos hoje, mas eu descobri a deficiência dela, com 1 ano e 2 meses. “E ai, começou minha luta. Fui encaminhada para Curitiba e Ponta Grossa, e começaram as minhas viagens”. Na Escola Paroquial, com 1 ano e 7 meses ela começou com a Língua de Sinais. Com oito anos, fez o implante.

“A dificuldade minha, como mãe, a questão do preconceito, eu já ouvi... ela é surdinha? Na escola... amigos... ela já passou por problemas na escola! É complicado, e principalmente, dói muito essa questão!”.

Disse que percebe que ela fica meio de lado, de não ter muitos amigos, e que isso traz bastante sofrimento! “Mas, está indo! Eu tenho acompanhado. Ela tem intérprete na sala!”. A mãe cita que a inclusão, mais efetiva em sala de aula – nas atividades e com os colegas -, é outro fator que contribuirá muito a essas crianças, sobretudo, mas a todos os surdos: “Não deixe eles de lado, porque isso dói!”.

Ao finalizar a entrevista, além de agradecer a todos, Sandra ressaltou que é necessário que a Associação dos Surdos – Um Grito no Silêncio (ASGSTB) seja conhecida por todos. Estendeu este, também “obrigado”, aos membros da diretoria, e para toda a Associação.

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Um agradecimento se deu a todos os vereadores, e entre eles, Japão – Anderson Antunes, que as apresentou de forma mais enfática no Legislativo na penúltima reunião sessão ordinária.

Com as políticas públicas e inserção que estão sendo buscadas, certamente mais uma vez, Telêmaco e a Administração Municipal, não se furtarão!