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ANDERSON LUIZ, BOMBEIRO, SARGENTO E PAI
ANDERSON LUIZ, BOMBEIRO, SARGENTO E PAI

Do Sub-grupamento de Telêmaco, contou sobre si, ao site

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2020-08-09 às 00:08:49) Neste dia consagrado aos Pais, uma conversa recheada de carinho paternal, com o 3º sargento Anderson Luiz da Silva, que aos 49 anos, nasceu em um 31 de dezembro. Era o ano do tricampeonato do Brasil no México, 1970. Nascer em um dia deste, é certamente, não reclamar de ausência de festejo, por ser véspera de ano novo!

Ele é bombeiro do 2º Sub-Grupamento do 2º Grupamento de Bombeiros, de Telêmaco Borba.

A entrada na profissão que seria o seu hoje, já legado, se deu no dia 09 de abril de 1996. Se vão quase 24 anos!

Ama o que faz, mas ao ser perguntado o que foi no sentido de escolha da profissão, ser bombeiro para ele, disse: “Comento sempre... foi um imprevisto. Não sabia nem ainda o que eu queria ser na vida. E essa situação se apresentou e a vida veio e a gente diz que fez coisas e a vida te levou... e a vida me levou... de certa forma sim! Eu vim parar aqui no Corpo de Bombeiros e é uma coisa que eu gosto muito de fazer”. Com o companheiro de trabalho Cremo, dias atrás, em ocorrência, na volta, de camiseta, suados, pela madrugada, viu-se na pergunta se preferiria estar na cama, aconchegado, ou naquela situação em que se encontravam: “Pois eu queria estar aqui, Cremo. Daí ele deu aquela risada sincera e disse ‘eu também’”.

Dos riscos, falou que existem, e que já repensou a profissão, mas o amor sempre fala mais alto. Quando sai para trabalhar, abraça seu filho, sempre, e diz: “Filho, tchau! É aquela ideia do viver, aproveitando o seu dia, como se fosse o último, porque amigos meus não voltaram embora. Amigos meus morreram na estrada. Amigos meus morreram em ocorrências (em serviço). Então, enquanto pessoas fogem da morte, o nosso dia é ir de encontro!”, quando cita as adversidades enfrentadas para o bom andamento das tarefas.

 

O ONZE DE SETEMBRO NOS EUA E O PROFISSIONAL BOMBEIRO

Perguntado se o 11 de Setembro (O ataque contra as Torres Gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, no ano de 2001 - Clique e veja vídeo resumindo - Youtube), foi um divisor de águas no sentimento de gratidão da população mundial quanto ao valor do trabalho dos bombeiros, disse que o que não vai mudar, é o fato do sacrifício da profissão, ao que eles se submeteram, dando a própria vida, ou enquanto todos desciam das torres gêmeas, esses profissionais subiam.  Isso sempre, hoje e ontem, na rotina do trabalho,

Nos Estados Unidos, o bombeiro sempre contou com grande credibilidade e no mundo, das profissões, é a mais crível, “mesmo ganhando dos Correios (carteiros) que têm uma grande aceitação”. As forças de segurança, no Brasil, ao seu olhar, não são tão valorizadas, mas quando se precisam, é a eles que se recorre.

 

A FAMÍLIA

Ele é casado com Lucena, e tem um filho.

Há 14 anos, teve uma perda! Sua menina aos dois anos e meio, faleceu. “Não é uma coisa normal um pai enterrar um filho, e quando acontece, você também é enterrado com isso!”. Seu filho Anderson – brincou que o nome não foi ausência de criatividade, apesar de não ser muito criativo – o primogênito, fará 18 anos, “mas não foi planejado”, disse com bom humor, quanto a coincidir, ter nascido ele, no dia do soldado, 25 de agosto.

Das conversas que tem com o filho, não tem dificuldade em pedir desculpas quando vê que cometeu erro: “Eu vou errar muito com você, porque eu nunca fui pai, antes!”, fala por vezes a ele. Disse que carinhosamente já foi confrontado na casa, por mulher e filho, para deixar lá, de ser militar e que não estava em serviço, quando se falam nas regras de comportamento.

O Oberekando pediu que narrasse a respeito da esposa, ao ele chegar do serviço, ao atrasar a chegada por causa de uma ocorrência e o voltar para casa, assim como o sair: Definiu como abençoada, e que tem uma esposa muito compreensiva. Dona Lucena, que é do Samu, em Ponta Grossa, contou ele, está sempre atenta, seja com sentimentos familiares, ou até mesmo, para trocar de experiências da profissão.

A mãe do entrevistado, Dona Jandira, toca piano como hobby: Receba o carinho do Oberekando!

 

E O TRABALHO!

Quando especialmente se tem uma criança ou uma mãe, “o ponto de vista psicológico tem que ser travado”, por passar do normal. Quando se é entregue a pessoa para outro profissional que vai dar continuidade ao atendimento, “ai você fez o seu serviço. O complicado é quando você tenta, e apesar isso, as condições não se apresentaram favoráveis, e não ocorreram!”.

 

PREOCUPAÇÃO POR EXIBIÇÃO DE ACIDENTES EM REDES SOCIAIS E A POSSIBILIDADE DE OMISSÃO DE SOCORRO

Com a explosão das redes sociais, infelizmente, não uma ou duas vezes, pessoas filmam cenas e ao vivo, de acidentes, aonde as vítimas até agonizando estão. Dois crimes possíveis podem se dar nessas ocasiões: O primeiro, por omissão de socorro, pois largar-se-ia tudo para se socorrer tal pessoa acometida do acidente. Segundo: A invasão de privacidade de um momento que se expõem terceiros, e pior, em sua agonia. Nas muitas ocasiões assim, “as pessoas estão preocupadas com coisas que não são importantes, em detrimento daquilo que realmente é essencial!”.

Cena, das tantas nesse sentido, são pais e familiares ficarem sabendo de uma fatalidade – ao invés de ser pelas autoridades competentes que estão ali se esforçando na ocorrência – sim por postagens em grupos de redes sociais e feitos por desconhecidos, sem se importar com a dor de outrem.

Outra que acaba sendo até “bizarra”, é um indivíduo que reconhece alguma vítima, e vai até seus pais ou parentes, e traz até a cena de um acidente, a esses.

 

MENTIRAS TRÁGICAS

Já várias vezes, alertou Anderson, de filhos mentirem que estavam em um determinado lugar, e na verdade, estavam em outros e no deslocamento, acidentes aconteceram.

Muitas vezes se tem que informar aos pais que aconteceu um acidente, mas na verdade, para não se trazer um choque repentino, porque o ocorrido já resultou em óbito: “Mas não pode ser, porque meu filho... minha filha... falou que estava na casa de fulano... ia na casa de fulano!”, escuta isso, infelizmente, e presencia o desespero de pais.

Nesse caso, ele como pai, vê que na realidade, não se tem mais diálogo, e que os pais, “de certa forma, terceirizaram a educação dos filhos, para que a escola eduque. Já começa assim! E escola não educa... escola ensina!”, até porque é essa a missão primordial. “A escola quando ela ensina, quem prepara para a vida, é a mãe”.

Várias situações acontecem, como se pedir pra que soldados não falem para a mãe (ou pai) deles, do ocorrido quando de acidentes, ou porque pegaram o veículo sem que pudessem, ou sem documento estavam, e algumas vezes, os pais chegam batendo nos filhos, com raiva por ter acontecido tal fato.

Também quando se têm óbitos, Anderson presenciou pai que vê e balança a cabeça como quem diz que sabia que isso um dia iria acontecer, pois muito foi alertado e pedido, e não se foi escutado, em termos de conselhos insistentes a que se tivesse cuidado, ou que não se cometessem irregularidades.

Nosso entrevistado tinha quarenta e oito anos quando perdeu o pai. Isso fazem dois anos.

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Anderson deixou um abraço a todos, aos profissionais especialmente que trabalham com situações de riscos, com farda ou não, e aos pais em geral, agradeceu ao comando, por ter o permitido conceder a entrevista, na pessoa do 2º tenente, Gilson José Diniz. Uma saudação  especial dele, a todos os amigos-irmãos, do grupamento.

 

(A pedido do Oberekando, a entrevista foi feita sem máscara, bem como a foto da homepage)

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