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DRA. SÔNIA RAIFUR KOS: SUPERAÇÃO E EMPODERAMENTO
DRA. SÔNIA RAIFUR KOS: SUPERAÇÃO E EMPODERAMENTO

CADERNO ESPECIAL DE NATAL 2017 SITE OBEREKANDO

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2017-12-10 às 10:59:46) Esposa de Efraim, mãe de Ingrid (19) que está cursando o terceiro ano de Direito e Contabilidade, simultaneamente. O filho João Victor (17) acaba de passar em dois vestibulares: Contabilidade e Ciências da Computação. Bem humorada, Sônia que há poucos dias defendeu com louvor, sua tese de Doutorado em Contabilidade e é uma das conselheiras do Sicredi, mora em Prudentópolis e nasceu em Ivaí, disse que faz com os filhos o que a mãe dela fez ‘com ela’ em cobrar bom desempenho escolar, embora algumas vezes eles tenham tido medo de mostrar o boletim. Mas deixa muito claro que eles sempre a deram e dão alegrias.

A trajetória, enquanto a mulher buscando seu espaço, a procura de um objetivo e uma formação, “tem muito a ver com minha educação”. Ela é a quinta filha de uma família que trabalhava na atividade agrícola, de oito irmãos, e disse, orgulhosamente: “Mas o que me fez mais forte foi todo trabalho que minha mãe desenvolveu”.

 

TRAGÉDIA TORNOU-SE SUPERAÇÃO

Um momento fatídico foi quando tinha dez anos e seu pai faleceu. Sua mãe estava grávida do oitavo filho. Isso se deu no mesmo dia que o patriarca vendeu a safra da família e colocou o dinheiro no banco, só no nome dele. “Veja, nós ficamos órfãos de pai, uma mãe grávida, numa atividade agrícola cuja renda estava depositada no banco só no nome dele e ainda ele morreu, tombou o trator numa ponte e o acidente o trator, ou seja, danificou o instrumento de trabalho”. Nessa época o irmão mais velho dela tinha 15 anos e a gravidez de sua mãe era da sua irmã caçula. “Esse fato poderia ter nos feito desanimar, ou desistir e minha mãe ter dividido os filhos entre os irmãos, como era o desejo de alguns, na época, mas não! E a minha mãe sempre nos incentivou a buscar e a chegar aonde a gente queria chegar, por meio da educação. Por meio da formação”.

Desde então, a matriarca sempre ensinou seus filhos que deveriam buscar sua independência para até procurar algo mais leve que a vida na agricultura, que reconhece, super digna, no entanto, pesada. A família sempre foi muito unida e os melhores da classe. Uma frase da mãe marcou a vida de Sônia: “Uma caneta é muito mais leve que uma enxada!”.

 

VIDA PROFISSIONAL

Quando decidiu fazer sua faculdade e antes de chegar à universidade, sempre achava o máximo as mulheres que trabalhavam em banco, seja pela independência financeira ou também de como elas - chiquérrimas - se vestiam. Ela já tinha feito Magistério mas Contabilidade a permitiria trabalhar no banco, e já na universidade seria estagiaria num banco por dois anos – “no extinto Banestado e eu vi que aquilo que eu via de fora, não era que eu queria pra minha vida”. Ela primeiro viu que havia se mudado muito como o bancário era visto e segundo porque não se adaptou. Logo que encerrou a graduação, surge a oportunidade de dar aula para o curso técnico em Contabilidade por três anos, até o governo extinguir essa área. Depois ela foi à capital do Estado e se capacitou mais nessa área. Logo que voltou à Prudentópolis, foi admitida como colaboradora no Sicredi. Concomitantemente a isso, dá continuidade à sua formação acadêmica em Irati, na Unicentro, com a Especialização. Ai durante uma das aulas uma professora do Departamento de Contabilidade foi até a sala e perguntou se alguém tinha interesse em fazer um teste seletivo. Lembra que naquele momento fazer o teste era mais para efeito de experiência, enquanto que seus colegas concorrentes foram com transparência e demais recursos, ... e ela apenas com o quadro e o giz ... e acabou passando: “Ai eu fiquei conciliando a minha atividade no Sicredi, a minha Especialização, comecei a dar aula, e tinha filhos pequenos. Então eu estava numa fase ‘bem com emoção!’”.

Aula ela começou em 2003, e em 2004 optou por sair do Sicredi para focar apenas na carreira acadêmica, continuando só com a Universidade, sendo hoje concursada pela Unicentro de Guarapuava onde está há mais de 15 anos. O Mestrado foi iniciado logo após o efetivamento em 2010 na Unicentro, onde até então estava como colaboradora, indo até 2011: sua defesa de banca foi uma data incomum: 11 do 11 de dois mil e 11. Em 2014 ingressou no Doutoramento. Antes disso, estava com toda documentação para enfrentar esse mesmo nível em FGV em São Paulo, pois quando encerrou em 2011 não havia onde desejava, a área que queria prosseguir. Cinco dias antes disso, milagrosamente, o Mec autorizou Contabilidade na UFPR, onde concluiu com a defesa de Tese no último dia 30 de novembro e a segunda a enfrentar a banca, de sua turma.

Incitada a uma resposta quanto aquelas pessoas que – por carteirada muitas vezes - não têm a titulação mas que sempre forçam a barra em serem chamadas de doutor, ela respondeu que essa é uma questão muito complexa a opinar, mas, “você exigir que te chamem de doutor, ainda que você seja doutor, já é uma soberba. Não se justifica porque uma pessoa com doutorado ou sem doutorado é a mesma pessoa. Ela apenas tem um conhecimento diferente dos demais... uma titulação”. Uma pessoa pode ser altamente respeitada tendo apenas a quarta série, lembra ela: “Minha mãe, por exemplo, que é meu ‘maior’ exemplo de pessoa, é uma doutora da vida.

 

CHANTAGENS: OU VOCÊ CONTINUA OS ESTUDOS OU CONTINUAMOS O NAMORO

Um fato não raro por vezes, são as chantagens de namorados quase sempre, em que se ouvem as seguintes propostas: Ou você segue seus estudos ou continuamos o namoro. Ao ser perguntada quanto a isso, Sônia se mostra taxativa de que nesse caso se tem uma escolha. “Raras as exceções que nós não temos escolha. Quando você tem a opção de buscar uma formação acadêmica e você não vai porque foi exigência do seu parceiro, você escolheu aquilo... aquilo foi cômodo pra você! Agora se você realmente quer uma formação você vai convencer e você não precisar brigar. Você vai convencer a pessoa de que isso vai ser melhor pros dois”.

Por outro lado, Sônia disse que acaba nem tanto condenando o homem que tem uma atitude assim, por acreditar que a mulher tenha o poder de escolha “e se ela aceita essa regra imposta pelo parceiro, é porque no fundo não quer tanto assim, porque se ela realmente quer, ela vai buscar (em termos de formação intelectual)”. Antes dessa colocação, Sônia destacou, com gratidão, a compreensão madura de seu esposo em entender o anseio dela: “Se eu tivesse um parceiro com essa mentalidade de fazer essa chantagem, eu jamais estaria nesse ambiente (referindo-se também à sua atividade cooperativista), eu jamais faria um Doutorado”.

 

MARCAS E GRATIDÕES

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Ela tinha iniciado o Mestrado em março e em primeiro de abril o irmão dela – Luiz - sofre um grave acidente com uma colheitadeira e isso marcou por ela ter acompanhado a recuperação dele. Na época em que recebeu de sua avaliação pela banca, a aprovação e com louvor no Mestrado, nem conseguia falar porque chorou muito. Já a reação na aprovação do Doutorado, comenta ela, devido a alegria e euforia, “eu só conseguia rir!”.

Quando o pai dela faleceu, fora justamente esse irmão quem assumiu as atividades: “Ele abriu mão de estudar para que todos os outros irmãos se formassem!”. O irmão mais velho na família é doutor pela USP. A irmã que era a gravidez da mãe dela na época do falecimento do pai e uma outra irmã, ambas são fisioterapeutas. Ela relembrou a todos que na caminhada, tornaram possível essa vitória, seja na faculdade, na família onde seu esposo foi pai e mãe, dentre toda gratidão. O orientador do Doutorado, professor Mário Jorge Scarpin teve seu nome citado. Os colegas que se formaram juntos, Lú, Marcelo, Patrícia, Stela e Celso, adjetivados como “muito parceiros”, além de todos os componentes do programa de Doutorado. O irmão Leo, também doutor, foi sua fonte de inspiração, e lia todo o material, e “é extremamente caprichoso”, destacou. Simoni e Salete não foram esquecidas. Dona Natália a mãe, um exemplo e todos os demais irmãos, a família com destaque ao primeiro namorado e esposo na linda união que está por se completar 22 anos, felizes!

 

MENSAGEM

Nós não somos obrigados a nada! Nós sempre temos escolhas. Você é o dono de seu destino. A gente pode ter coisas que nos auxiliam e nos dificultam. Existem os obstáculos, mas você pode tudo desde que seja algo que você realmente queira!”. Nesse contexto ela sugeriu que não se escondamos atrás de uma dificuldade ou que se usem desculpas para não se correr atrás, porque vai valer muito a pena, ainda que se tenham os arranhões no caminho.

 

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